Deu na Istoé, em sua última edição: No campo político, Arruda age como se estivesse acima das instituições. Líderes do DEM, como o deputado Ronaldo Caiado (GO) e o senador Demóstenes Torres (GO), queriam expulsá-lo do partido tão logo o escândalo do mensalão de Brasília se tornou público. Outros, mais contidos, como o senador Heráclito Fortes (PI) e o deputado Paulo Bornhausen (SC), exigiam que o governador tivesse tempo para se defender. O presidente da legenda, deputado Rodrigo Maia (RJ), concedeu oito dias para a defesa de Arruda. O governador, no entanto, em vez de apresentar uma defesa, resolveu ignorar o partido e suas instâncias. Recrutou aliados de outras legendas, como o senador Marconi Perillo (PSDB-GO), para pressionar o próprio partido, ameaçou os democratas insinuando que o dinheiro do mensalão de Brasília possa ter financiado campanhas do DEM em diversos Estados e, por fim, tentou dar um golpe na legenda recorrendo à Justiça em busca de uma liminar para impedir qualquer procedimento do DEM. Na tarde da quinta-feira 10, a ministra Carmem Lúcia, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), negou o pedido do governador. Ao receber a informação, Arruda anunciou sua desfiliação do partido. No DEM, a decisão foi comemorada. “Demos uma grande resposta ao caso talvez mais grave de nossa história. Nos diferenciamos dos outros partidos”, afirmou Rodrigo Maia.
Quando deixou a legenda, Arruda disse que não mais seria candidato a cargo eletivo. Difícil de acreditar. Em 2001, quando renunciou ao mandato de senador para não ser cassado por fraudar o painel de votações do Senado, Arruda, às lágrimas, afirmou que jamais voltaria a cometer deslizes na vida pública. Convenceu e conseguiu voltar à política pelo voto direto. Desta vez, apesar do discurso oficial, Arruda já conta com uma equipe de assessores jurídicos para recorrer ao TSE, pedindo nova filiação partidária. Alegará que deixou o partido devido às pressões e, se conseguir outra legenda, planeja se candidatar a deputado federal. Seria uma alternativa para manter o foro privilegiado. Para isso, ele aposta na lentidão da Justiça e no controle que exerce sobre o parlamento local.
O imperador Arruda age para calar a Câmara Distrital, onde será instalada uma CPI e são apreciados três pedidos de impeachment. Na semana passada, ele retirou do governo e devolveu à Câmara dois secretários que têm mandatos: a deputada Eliana Pedrosa (DEM), que estava na Secretaria do Desenvolvimento Social e assumiu a liderança do DEM, e Paulo Roriz (DEM), que deixou a Secretaria da Habitação. Com isso, Arruda consolida a maioria que tem na Câmara. Poderá ter aliados controlando a CPI e as demais comissões por onde deverão passar os pedidos de impeachment. O andar das investigações, no entanto, deverá atrapalhar os planos do governador e os parlamentares poderão ceder às pressões populares.
CRÉDITO Arruda conseguiu apoio de alguns tucanos como o senador Perillo (à esq.), que tentou ajudá-lo contra o DEM
A subprocuradora da República Raquel Dodge já recebeu informações de que, a exemplo do ex-secretário Durval Barbosa, existe mais gente disposta a fazer delação premiada contra Arruda. Seriam empresários que se dizem extorquidos pelo governador. Em outra frente de investigação, a Polícia Federal encontrou indícios de que o esquema de Brasília possa ter ramificações em outros Estados. Em São Paulo, a polícia vai investigar as ações da empresa brasiliense CTIS, de informática, que tem contratos com a prefeitura e com o governo estadual e teria, segundo agentes ouvidos por ISTOÉ, “trocado posição” com a paulista Uni Repro, especializada em filmagens de documentos, que tem contratos com o governo do DF. Ainda de acordo com a PF, há a suspeita de que o grupo de Arruda pode ter alimentado o DEM carioca e o PSDB mineiro.
Com a Câmara sobre sua tutela, Arruda, nos últimos dias, atua para esconder seu enriquecimento meteórico. Eliana Pedrosa pode contar toda essa história. Como secretária de Desenvolvimento Social e Transferência de Renda, ela assinou contratos com a empresa Futura Construções e Incorporações. O diretor da empresa é Severo Araújo Dias. Durval Barbosa afirma que Severo é o laranja de Arruda na compra de um haras. O imperador do cerrado comprou por R$ 2,6 milhões o cinematográfico Haras Sparta, uma paradisíaca área próxima de Brasília. A propriedade tem quatro casas, duas baias, galpão para feno, campo de futebol e um pequeno lago. Com a transferência da posse para Arruda, estão sendo construídas casas para “seguranças”, segundo os funcionários. “Fiquei sabendo que o Arruda comprou no nome do Severo”, diz o corretor João do Carmo Vieira, o “Netto”, que anunciou o haras em seu site.
A reportagem de ISTOÉ visitou o haras. “O governador Arruda veio aqui em agosto, no aniversário do filho do Severo”, conta a funcionária Eudenice Silva, que trabalha no Sparta desde o início do ano. “O governador estava de calça jeans e de camisa, ele trouxe a mulher e a filha”. A produtora rural Raelma Alves Ribeiro, que é dona de um boxe no Feirão do Produtor, próximo ao haras, diz que Arruda passa por lá para comprar queijos e doces, todas as vezes que vai visitar seus cavalos. O laranja Severo, há duas semanas, comprou de Raelma R$ 4 mil em mobília para a sede principal. “O Severo me disse o seguinte: ‘Você tem que conhecer o meu anjo da guarda, o governador Arruda’”, diz Raelma. “Depois, o Severo tirou uma foto do governador do bolso e quase beijou a imagem.” Como publicou ISTOÉ, a ex-mulher de Arruda Mariane Vicentini confirma a compra do haras e ainda revela que seu filho, Artur, ganhou um cavalo puro-sangue do pai.
O governador Arruda declara um patrimônio total de R$ 1 milhão. Mas só as salas que comprou num dos edifícios mais nobres de Brasília valem R$ 1,66 milhão. A Receita Federal agora procura mapear todo o império de Arruda. Mas o governador, além das denúncias por corrupção, corre o risco de ter o mesmo destino de Al Capone e ser enquadrado por sonegação fiscal.
Quando deixou a legenda, Arruda disse que não mais seria candidato a cargo eletivo. Difícil de acreditar. Em 2001, quando renunciou ao mandato de senador para não ser cassado por fraudar o painel de votações do Senado, Arruda, às lágrimas, afirmou que jamais voltaria a cometer deslizes na vida pública. Convenceu e conseguiu voltar à política pelo voto direto. Desta vez, apesar do discurso oficial, Arruda já conta com uma equipe de assessores jurídicos para recorrer ao TSE, pedindo nova filiação partidária. Alegará que deixou o partido devido às pressões e, se conseguir outra legenda, planeja se candidatar a deputado federal. Seria uma alternativa para manter o foro privilegiado. Para isso, ele aposta na lentidão da Justiça e no controle que exerce sobre o parlamento local.
O imperador Arruda age para calar a Câmara Distrital, onde será instalada uma CPI e são apreciados três pedidos de impeachment. Na semana passada, ele retirou do governo e devolveu à Câmara dois secretários que têm mandatos: a deputada Eliana Pedrosa (DEM), que estava na Secretaria do Desenvolvimento Social e assumiu a liderança do DEM, e Paulo Roriz (DEM), que deixou a Secretaria da Habitação. Com isso, Arruda consolida a maioria que tem na Câmara. Poderá ter aliados controlando a CPI e as demais comissões por onde deverão passar os pedidos de impeachment. O andar das investigações, no entanto, deverá atrapalhar os planos do governador e os parlamentares poderão ceder às pressões populares.
CRÉDITO Arruda conseguiu apoio de alguns tucanos como o senador Perillo (à esq.), que tentou ajudá-lo contra o DEM
A subprocuradora da República Raquel Dodge já recebeu informações de que, a exemplo do ex-secretário Durval Barbosa, existe mais gente disposta a fazer delação premiada contra Arruda. Seriam empresários que se dizem extorquidos pelo governador. Em outra frente de investigação, a Polícia Federal encontrou indícios de que o esquema de Brasília possa ter ramificações em outros Estados. Em São Paulo, a polícia vai investigar as ações da empresa brasiliense CTIS, de informática, que tem contratos com a prefeitura e com o governo estadual e teria, segundo agentes ouvidos por ISTOÉ, “trocado posição” com a paulista Uni Repro, especializada em filmagens de documentos, que tem contratos com o governo do DF. Ainda de acordo com a PF, há a suspeita de que o grupo de Arruda pode ter alimentado o DEM carioca e o PSDB mineiro.
Com a Câmara sobre sua tutela, Arruda, nos últimos dias, atua para esconder seu enriquecimento meteórico. Eliana Pedrosa pode contar toda essa história. Como secretária de Desenvolvimento Social e Transferência de Renda, ela assinou contratos com a empresa Futura Construções e Incorporações. O diretor da empresa é Severo Araújo Dias. Durval Barbosa afirma que Severo é o laranja de Arruda na compra de um haras. O imperador do cerrado comprou por R$ 2,6 milhões o cinematográfico Haras Sparta, uma paradisíaca área próxima de Brasília. A propriedade tem quatro casas, duas baias, galpão para feno, campo de futebol e um pequeno lago. Com a transferência da posse para Arruda, estão sendo construídas casas para “seguranças”, segundo os funcionários. “Fiquei sabendo que o Arruda comprou no nome do Severo”, diz o corretor João do Carmo Vieira, o “Netto”, que anunciou o haras em seu site.
A reportagem de ISTOÉ visitou o haras. “O governador Arruda veio aqui em agosto, no aniversário do filho do Severo”, conta a funcionária Eudenice Silva, que trabalha no Sparta desde o início do ano. “O governador estava de calça jeans e de camisa, ele trouxe a mulher e a filha”. A produtora rural Raelma Alves Ribeiro, que é dona de um boxe no Feirão do Produtor, próximo ao haras, diz que Arruda passa por lá para comprar queijos e doces, todas as vezes que vai visitar seus cavalos. O laranja Severo, há duas semanas, comprou de Raelma R$ 4 mil em mobília para a sede principal. “O Severo me disse o seguinte: ‘Você tem que conhecer o meu anjo da guarda, o governador Arruda’”, diz Raelma. “Depois, o Severo tirou uma foto do governador do bolso e quase beijou a imagem.” Como publicou ISTOÉ, a ex-mulher de Arruda Mariane Vicentini confirma a compra do haras e ainda revela que seu filho, Artur, ganhou um cavalo puro-sangue do pai.
O governador Arruda declara um patrimônio total de R$ 1 milhão. Mas só as salas que comprou num dos edifícios mais nobres de Brasília valem R$ 1,66 milhão. A Receita Federal agora procura mapear todo o império de Arruda. Mas o governador, além das denúncias por corrupção, corre o risco de ter o mesmo destino de Al Capone e ser enquadrado por sonegação fiscal.