Rollemberg reconhece erros políticos à cúpula do próprio partido

Governador promete reformular estratégia e pode mudar primeiro escalão

Ao PSB, Rollemberg reconheceu erros políticos do governo e falou em retomar as alianças partidárias (Foto: André Borges/Agência Brasília)

Francisco Dutra
francisco.dutra@jornaldebrasilia.com.br

As críticas ao governo de Rodrigo Rollemberg partem de todos os lados, inclusive de seu próprio partido, o PSB. Na última reunião da executiva regional da legenda, realizada na noite de anteontem na sede local da agremiação, pela primeira vez, o governador admitiu abertamente os erros políticos na condução do GDF e pediu desculpas para os correligionários. Na interpretação da cúpula partidária, o movimento de Rollemberg é uma tentativa de reunificação e pacificação da sigla.

Rollemberg não parou no mea-culpa e prometeu reformular a estratégia política na condução do Buriti. Esta reconfiguração não implica necessariamente em uma nova reforma administrativa, pontual ou ampla, mas abre brecha para eventual troca de cadeiras em secretarias, administrações regionais e empresas e demais órgãos públicos. A princípio a reunião trataria de três temas: avaliação do GDF, perspectivas para 2018 e Câmara Legislativa.

A fala do governador pegou no contrapé a maioria dos participantes. Pelo perfil de Rollemberg, ninguém esperava o movimento. Em uma conversa reservada, um membro do partido avaliou que o reconhecimento das falhas é primeiro passo a melhoria da gestão, não apenas na política mas também nos serviços públicos. A prova da fragilidade política do governo é o isolamento do PSB. Grupos de direita, centro e esquerda se movimentam para 2018 sem conversar com o partido.

No quesito alianças, a maior parte dos militantes presentes deixou clara a preferência por uma reaproximação com as forças de esquerda e de uma mudança de tom no embate entre GDF e servidores públicos. Os correligionários concordam em que não existem recursos e nem condições para a concessão dos reajustes, mas o governo deveria priorizar a negociação.

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Jaime Recena enumerou seis ações bem sucedidas da gestão Rollemberg: as obras no Sol Nascente, o ajuste fiscal do GDF, o pagamento de salários dos servidores em dia, as obras na Saída Norte, o programa habitacional e o combate a grilagem.

Do ponto de vista do presidente do PSB, à má avaliação do GDF deve-se dar um desconto, levando em consideração as crises que caíram sobre a capital. Além do rombo de R$ 6,5 bilhões nas contas públicas, a gestão Rollemberg também é afetada pela crise nacional (política, econômica e institucional) e agora pelo drama da falta de água.

A reunião do PSB teve participação de pelo menos 25 membros da executiva regional, além de convidados.

Motivo de tensão

Por outro lado, um ponto tenso é a relação com PSD, do vice-governador Renato Santana. A cúpula do partido considera que a parceria está estremecida, mas ainda não deve ser rompida. Mas alguns segundo parte dos filiados, não existe mais sentido em manter os laços, com a sigla capitaneada pelo deputado federal Rogério Rosso.

Mesmo sem comentar o discurso do governador, o presidente regional do PSB e secretário de Turismo, Jaime Recena, contou que o partido pretende fortalecer as alianças políticas, especialmente PDT, Solidariedade, Rede e, inclusive o PSD. “Esse alinhamento é constante. Na semana passada, almocei com o presidente do PDT, Georges Michel. Quando chega na metade do governo, é preciso reforçar as alianças”, afirmou.

Indo da política para a avaliação popular, o grandes desafio do GDF é mostrar para população os primeiros resultados consolidados. Para Recena, o governo precisa se conectar melhor com o povo, pois poucas pessoas estão analisando o desempenho da gestão PSB como um todo. Em relação a briga com os servidores, Jaime ressaltou que o GDF não consegue conceder os reajustes, mas está pagando os salários em dia, enquanto estados, a exemplo Rio de Janeiro, mal conseguem ficar de pé.

Meta é quatro distritais

Para evitar um novo ciclo de percalços na Câmara Legislativa, o PSB definiu a meta de eleger quatro deputados distritais nas eleições de 2018. O partido não conseguiu um parlamentar em 2014 e pagou um preço caro por isso, ficando por muito tempo alheio às movimentações do Legislativo.

Para emplacar o suplente Roosevelt Villela, precisou ceder muitos espaços para Joe Valle e PDT. O arranjo foi por terra, quando Valle voltou para o mandato. E a sigla só conseguiu se firmar na Casa com as filiações de Juarezão e Luiza de Paula.

“Nós queremos ampliar a nossa bancada, se possível para quatro deputados. Também é importante elegermos um deputado federal em 2018”, contou Jaime Recena. Dentro dos próximos dias, o partido também deverá definir uma posição em relação à eleição para a presidência da Câmara Legislativa para o próximo biênio.

“Não é só o PSB que está fazendo essa discussão. Outros partidos também estão discutindo isso. E a Câmara é primordial para o sucesso dos próximos dois anos do governo”, argumentou.

Sobre a próxima corrida pelo Palácio do Buriti, Recena afiançou que Rollemberg é a opção da sigla. “O governador é o nome do partido. Não tem porque ser diferente. Os primeiros dois anos de governo foram dificeis, mas tivemos resultados. O governador tem plenas condições de se reeleger e ter mais quatro anos de governo em melhores condições”, concluiu.

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