Na manhã desta terça-feira (12), a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) deflagrou a Operação Escudo, revelando um novo capítulo das irregularidades envolvendo o Instituto de Desenvolvimento Humano, Empreendedorismo, Inovação e Assistência Social (IDHEIAS).
Com a execução de 15 mandados de busca e apreensão e 10 prisões preventivas, a operação trouxe à tona um esquema de desvio de recursos públicos ligados a contratos firmados com a Secretaria de Turismo do Distrito Federal (Setur-DF).
As investigações apontam práticas como superfaturamento, contratação de empresas de fachada e fraudes na prestação de contas. Documentos apreendidos revelam um modus operandi já conhecido: recursos destinados a projetos culturais eram desviados através de contratos sem licitação, enquanto serviços eram executados por terceiros, a preços inflacionados e de baixa qualidade.
Histórico de Irregularidades
Este não é o primeiro escândalo envolvendo o IDHEIAS. Em 2022, a Operação Tenebris expôs um esquema semelhante no projeto “Brasília Iluminada”. Na época, o instituto foi acusado de participar de um esquema que desviou milhões de reais em recursos públicos, com apoio de parlamentares locais. Investigações apontaram o envolvimento de 17 deputados distritais, que destinaram emendas parlamentares ao projeto, potencializando o superfaturamento e o desvio de recursos.
O Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF) também abriu frentes de investigação, analisando a legalidade e eficiência de contratos com a Setur-DF. Entre os contratos sob suspeita, destaca-se o da 28ª Expotchê – Edição Especial de Natal. As apurações indicaram falhas na execução e indícios de desvio de finalidade.
Operação Eldorado e Outros Desdobramentos
Outro marco nesse histórico foi a Operação Eldorado, deflagrada em 2021. A PCDF investigou a Setur-DF e o IDHEIAS por contratos superfaturados, que resultaram em mandados de busca na sede da secretaria e em propriedades de empresários e agentes públicos. As ações reforçaram o padrão de práticas ilícitas, envolvendo servidores públicos e empresas de fachada.
Impactos e Repercussões
As sucessivas operações expõem não apenas a fragilidade dos mecanismos de controle e transparência na gestão pública, mas também a conexão direta entre atores políticos e interesses privados. Projetos culturais e turísticos, que deveriam servir à população, foram transformados em instrumentos de enriquecimento ilícito.
O IDHEIAS, que se apresenta como um instituto voltado para o desenvolvimento humano e inovação, tornou-se o símbolo de uma gestão distorcida, onde o fomento cultural é utilizado como fachada para práticas ilícitas. As operações recentes indicam que o cerco está se fechando, mas os desdobramentos judiciais e políticos ainda estão longe de um desfecho definitivo.
A sociedade, mais do que nunca, exige respostas. As investigações precisam seguir com rigor, e os responsáveis, sejam eles servidores públicos, empresários ou parlamentares, devem ser punidos de forma exemplar. A recuperação da confiança na gestão pública depende de uma fiscalização contínua e da garantia de que os recursos públicos sejam empregados de maneira ética e eficiente.