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    Tragédia em Cristalina (GO)

    ”Ela gritava muito”, diz vizinho de adolescente estuprada e morta

    Em depoimento à polícia, homem que ajudou a deter o adolescente suspeito de matar Amanda conta que tentou evitar a morte após ouvir os pedidos de socorro


    SP Sarah Peres
    A vítima foi estuprada e morta a facadas(foto: Arquivo Pessoal )

    “Ele tomou muita pinga (bebida alcóolica) e ficou doido. Começou a dizer que a amava”, relatou um dos vizinhos da adolescente de 15 anos, que foi estuprada e assassinada por um jovem de 17 anos, em Cristalina, cidade goiana no Entorno do Distrito Federal. O homem, de 44 anos, afirmou ainda que a jovem pediu por socorro antes de ser morta. “Ela gritava muito”, disse, em depoimento à Polícia Civil de Goiás.

    Segundo consta no boletim de ocorrência do cirme, a vítima, Amanda dos Santos Silva, foi abordada pelo suspeito quando chegava em casa da escola, na sexta-feira (2/8). O adolescente apreendido morava no mesmo lote que da família da garota. O terreno contém várias residências.

    De acordo com o próprio adolescente, em depoimento na Delegacia de Cristalina, a 132km de Brasília, ele afirmou ter consumido um remédio controlado indicado para casos graves de insônia, mas comumente utilizado como alucinógeno. O suspeito disse que aguardou pela garota sentado em uma cadeira, em frente à porta, segurando um facão de 30cm.
    Quando Amanda chegou, ele a agarrou e colocou a arma no pescoço dela. Sob ameaça, a vítima entrou na casa onde o jovem morava. Ali, ele a obrigou a consumir a droga e cometeu o estupro. Ele alegou aos investigadores que, a partir desse momento, não se recorda de mais nada.

    Gritos de socorro

    O suspeito fez uma espécie de 'altar' para a vítima, com uma foto dela quando criança (foto: Reprodução/TV Brasília)
    O suspeito fez uma espécie de ‘altar’ para a vítima, com uma foto dela quando criança (foto: Reprodução/TV Brasília)

    Segundo testemunhas, a menina gritou por ajuda, chamando a atenção de quem estava no local, incluindo o pai dela, Francisco Alves Leitão da Silva, 37 anos, que é cadeirante. “Comecei a ouvir os gritos dela de socorro. Ela gritava muito alto. Eu falei: ‘Amanda, Amanda?’, mas não escutei mais a voz dela. Foi quando escutei ele (o adolescente) dizer: ‘Não, aqui já era. Aqui já está quase pronta, não há jeito não'”, relatou o vizinho no depoimento.

    Como o pai da garota não tinha condições de arrombar a porta, coube a esse vizinho e o irmão dele forçar a porta, que demorou a ser aberta porque o suspeito havia colocado a geladeira para dificultar a entrada.

    A testemunha contou, então, que, quando ele e o rimão conseguiram entrar, viram o adolescente em pé segurando a faca ensanguentada. Logo atrás, a vítima estava deitada no chão, ferida. “Nós entramos e, na mesma hora, entrei em luta corporal com ele”, contou o vizinho à polícia. “Eu o consegui dominar. Mas eu estava quase sem força, atordoado com a cena e a quantidade de sangue. Foi quando ele conseguiu se desvencilhar e correr, mas o alcancei ainda na rua”, prosseguiu.

    Uma corda trazida pelo irmão da testemunha foi usada para prender o adolescente até a chegada da polícia, que foi acionada com o Corpo de Bombeiros. Quando os socorristas chegaram, porém, a vítima estava morta. O adolescente foi apreendido em flagrante pelos atos análogos aos crimes de estupro e homicídio.

    Ameaça de morte

    No local do crime, agentes encontraram uma espécie de “altar” com uma foto de Amanda quando criança. O acusado não disse como conseguiu a fotografia. O pai da garota disse à polícia que o jovem ameaçou ele e um vizinho horas antes dos atos infracionais. Francsico e um vizinho viram o adolescente consumindo uma grande quantidade de álcool e o repreenderam. Nesse momento, o suspeito teria dito que mataria Francisco e Amanda. Horas depois, contou Francisco, ouviu os gritos de socorro da filha.

    Amanda é descrita por conhecidos como uma pessoa tranquila e de sorriso fácil, uma garota humilde que ia de casa para a escola, ou para a igreja — localizada a poucos metros de casa. Os primeiros contatos com o agressor ocorreram quando ele se mudou para o local, há cerca de três meses. Desde então, ele forçou um relacionamento com a menina, que não aceitou as investidas do agressor.
    Fonte: Correio Brasiliense

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