A especulação imobiliária no Guará é motivo de preocupação para os moradores da cidade. Um termo que fica mais evidente quando o assunto é o Parque Ezechias Heringer, uma área de aproximadamente 305 hectares que a população quer ver preservada. Esse foi, inclusive, um dos principais pontos levantados na audiência pública para discutir a Lei de Uso e Ocupação do Solo (Luos), no último sábado (23).
Por causa do grande avanço das construções em áreas até então verdes no Guará, as consequências são drasticamente sentidas pelos moradores. Segundo Luciano Lima, a cidade verticalizou demais e por isso o clima está mais quente. No auditório, as palmas confirmavam e ratificavam os argumentos do morador.
Presidente da Comissão de Desenvolvimento Econômico e Meio Ambiente, o deputado distrital Robério Negreiros (PMDB) mostrou preocupação. “Precisamos ficar atentos para que na elaboração final da Luos, essa área que é um pulmão verde em Brasília, não fique aberta à especulação imobiliária. A população tem que ser atendida nesse pleito e vamos trabalhar pra isso”, disse Negreiros que é o relator da Luos na Comissão em que preside.
Sobre o Polo de Modas, empresários criticaram o uso misto do local – comercial e residencial. No início, a atividade era exclusivamente para lojas no segmento de vestuários. No entanto, com o passar do tempo, surgiram quitinetes. Alguns moradores criticaram o Estado por não ter fiscalizado a mudança irregular de destinação. Outros pediram pela preservação original do setor.
Representante dos moradores do Setor Jóquei Club, Carlos Masson se mostrou preocupado com a responsabilidade administrativa da região. Segundo ele, discute-se a possibilidade da área pertencer ao Vicente Pires. “A associação dos moradores fez uma consulta popular com 500 assinaturas e 80% querem continuar como Guará”, justificou.
A audiência é prioritariamente para discutir questões coletivas. Porém, alguns pontos são levantados por particulares, mas que interferem na sociedade. Exemplo disso é um lote localizado próximo ao Casa Park que foi vendido pela empresa Caenge. À época, o objetivo da venda era para sanar dívidas e não demitir funcionários – hoje na casa dos 1.200 empregados. Segundo representante da empresa, Paulo Menecucci, até o momento a área não tem um alvará, o que travou a transação.
Nesta semana ocorrem as últimas reuniões. No total, serão 17 encontros entre os deputados e a população. Todas as demandas protocoladas nas comissões de méritos (Desenvolvimento Econômico e Meio Ambiente e Assuntos Fundiários) serão analisadas no próximo dia 28.