Terminou em protesto o evento Mentoria Day, promovido pela OAB-RJ, na última quarta-feira (29), no Theatro Municipal do Rio de Janeiro.
A vice-presidente da entidade, Ana Teresa Basílio, encerrava o evento num palco majoritariamente com advogados brancos, em tom de campanha – ela é a candidata da situação à presidência da entidade nas eleições de novembro deste ano – quando a advogada negra Shirlene Mendes, presidente da Comissão Oab vai à Escola, iniciou um discurso de protesto.
“A OAB do Rio de Janeiro é racista. Eu tenho três reclamações protocolizadas. Eu advogada, preta, pobre, sem marido desembargador, não sou desembargadora aposentada, não sou sócia rica e branca. Essa OAB do Rio de Janeiro me prometeu fala, Eu comprei roupa nova parcelada. E o que fizeram? Não me deixaram entrar. Foi isso o que fizeram. Em novembro, na hora de votar, pensem muito bem. A Ordem dos Advogados do Brasil ela não é governada do alto do helicóptero (uma referência às viagens de helicóptero de Ana Teresa para visitar as subsedes da OAB), ela é governada do chão da fábrica. Somos nós que pagamos a anuidade de forma parcelada”, disse Shirlene, que continuou protestando contra a falta de representatividade negra e de mulheres nas instâncias decisórias da OAB-RJ.
Não foi a primeira vez que a falta de representatividade negra é questionada na OAB-RJ. Em setembro do ano passado, durante a Terceira Conferência Estadual da Mulher, a advogada e conselheira Fernanda Mata, integrante da Comissão de Prerrogativas, foi silenciada. A palavra dela foi abruptamente cortada quando reivindicava frente a uma desembargadora presente ao evento uma sala adequada para as advogadas amamentares seus bebês do Fórum.
O episódio causou grande repercussão e revolta, ao ponto de o presidente da OAB-RJ, Luciano Bandeira, ter feito uma retratação pública, em 23 de outubro. Até quando?
Assista: