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Amor é celebrado em cerimônia religiosa na UTI do Hospital Regional de Santa Maria

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Noivo está internado há seis meses na unidade; a celebração só foi possível graças à união da equipe
Jurana Lopes
A tarde desta sexta-feira (21) ficará marcada para sempre na memória do casal Daniel Rodrigues de Faria, 43 anos, e Nélia dos Santos Silva de Souza, de 50 anos. Juntos há sete anos, eles decidiram oficializar a união fazendo uma celebração religiosa repleta de muito amor e carinho, realizada no hall da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Regional de Santa Maria (HRSM), onde o noivo está internado há seis meses.
O casal planejava oficializar a união em uma cerimônia religiosa em outubro deste ano, mas a vida os colocou à prova. Em setembro, uma piora no estado de saúde de Daniel mudou os rumos da história e adiou os planos. Diante da incerteza do amanhã, os dois decidiram que não podiam esperar mais. O amor venceu a dor e foi celebrado numa cerimônia que emocionou todos os presentes, principalmente os noivos.
O sonho, que antes parecia impossível, se tornou realidade e se sobressaiu em meio às dificuldades do tratamento de Daniel. “Eu sou grata a Deus por conseguir realizar este sonho e proporcionar ainda mais alegria e felicidade para ele. Vê-lo feliz me faz muito bem e isso não tem preço. Só posso ser grata a Deus por me manter firme neste período de internação e agradecer a toda a equipe por nos ajudar a realizar este casamento. Faria tudo de novo se preciso fosse para ver o Daniel feliz”, afirma a noiva.
Em seus votos, o noivo, mesmo com dificuldade para falar devido ao uso do oxigênio, declarou seu amor por Nélia e disse que “ela é a flor mais linda de seu jardim, que Deus deu para ele cuidar”. Além disso, agradeceu o amor e o cuidado de Nélia com ele, estando presente ao seu lado em todos os momentos, não só de alegria, mas também de dor e sofrimento, o que retrata o verdadeiro amor.
“Enquanto houver vida, há esperança. O amor é estar lado a lado nos momentos bons e ruins. Jamais o abandonaria agora”, declara Nélia, emocionada.
O pastor José Rodrigues celebrou o casamento de Daniel e Nélia e disse que nunca ficou tão emocionado em um casamento que celebrou como desta vez. “Essa união me deixa comovido porque demonstra o que é a celebração de um amor forte, puro e verdadeiro, que passa por cima de todos os obstáculos e prova que é na saúde e na doença. É um verdadeiro amor, declarar que é até que a morte os separe, o verdadeiro símbolo do casamento”, destaca.
Quadro clínico
A vida de Daniel mudou drasticamente no final de 2023, quando levou um tiro que o deixou paraplégico, comprometendo várias funções do seu corpo. Desde então, a sua saúde tem se deteriorado, e sua companheira Nélia tem sido sua fortaleza, cuidando dele com amor e dedicação.
A chefe do serviço de Enfermagem da UTI adulto, Flávia Carvalho, explica que Daniel tem uma doença vascular grave e desde as suas internações, com diversas complicações, foi optado por cuidados refratários terapêuticos, ou seja, aqueles indicados quando um paciente não responde a tratamentos convencionais.
“Hoje o Sr. Daniel se encontra em ventilação mecânica e ocorreu o desejo da sua esposa e dos seus familiares em proporcionar este momento do casamento. Então, a equipe se mobilizou para poder realizar esse momento. Foi bem emocionante, desde os preparativos até o momento da cerimônia, porque envolveu muitas outras questões por trás da cerimônia, como a bala de O2, o ventilador mecânico, o vestuário do paciente. Ele se alimenta por via enteral, então há todo um preparo por trás. Mas, cada esforço valeu à pena, porque foi um momento gratificante e reluzente para todos nós profissionais”, detalha.
Para Larissa Guerra, psicóloga da UTI adulto e uma das profissionais que lida diretamente com Daniel, a parte mais importante de toda a cerimônia foi a possibilidade de trazer de volta a personalidade do paciente, pois havia muito tempo que ele não utilizava roupas, a não ser as do hospital. Além disso, teve a possibilidade de sair do leito, andar de cadeira de rodas, já que a ventilação mecânica não permite isso, ver pessoas diferentes, crianças, que não podem entrar na UTI.
“Foi o momento de tirar o foco da doença dele para trazer um pouco de normalidade à sua vida. Então é isso, buscar humanização, olhar além as possibilidades e isso é bem legal. Graças a ajuda de todo mundo, cada um contribuiu de alguma forma, deu tudo certo e ficou tudo muito lindo. Com certeza fizemos a diferença na vida deste paciente e de sua família”, conclui.
Humanizar os atendimentos prestados em suas unidades é um dos compromissos do Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (IgesDF).

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