O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, afirmou, nesta quarta-feira (29), que o Brasil será o maior abastecedor de alimentos do mundo. Convidado pelo Lide Brasília, ele destacou que essa é a grande vocação do País, em uma defesa do papel do agronegócio na economia nacional.
“Qual a grande vocação brasileira? Produzir alimentos. Ser o supermercado do mundo”, definiu, no almoço-debate promovido pelo Lide Brasília, grupo empresarial liderado pelo empresário e ex-senador Paulo Octávio, que se reuniu no Lago Sul. “Descobrimos a vocação do nosso povo e a tecnologia permitiu que ocupassemos corretamente o nosso território. Viramos um grande celeiro da produção de alimentos”, avaliou Fávaro, destacando o trabalho da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
Para o ministro Carlos Fávaro, o País está pronto, agora, para uma nova fase. “E com uma grande diferença: não precisamos mais que isso seja feito sob a floresta, com desmatamento. Isso não se faz necessário”, definiu. “Temos gente vocacionada a lidar com a terra, equipamentos, máquinas de última geração, pesquisas, sementes, fertilizantes e insumos de altíssima qualidade, que nos permitem ser grandes produtores. São esses os grandes ativos brasileiros”, definiu, no evento, realizado no Lago Sul, para avaliar seus 500 dias no governo federal.
*Clima*
A questão climática e as enchentes no Sul também foram lembradas pelo ministro da Agricultura, que destacou que nenhum atributo nacional é maior do que o clima. “De nada adianta ter todos os outros ativos se tivermos um deserto? O Rio Grande do Sul, que precisa de toda nossa dedicação e solidariedade, vem de três secas consecutivas e, no mesmo ano, três enchentes, essa a mais devastadora de todas. São as mudanças climáticas buscando o que foi tomado. O clima é um ativo fundamental para que o Brasil tenha sua vocação com continuidade e com segurança. É nosso dever deixarmos, para as próximas gerações, condições de continuarmos produzindo, vivendo em harmonia e no respeito ao meio ambiente”, finalizou.
Carlos Fávaro disse ainda que não deve faltar arroz nas prateleiras dos supermercados. Segundo ele, embora as enchentes tenham afetado a produção no Rio Grande do Sul, mais de “80% das 100 milhões de toneladas do grão produzidas no País já estavam polidas antes das adversidades climáticas”. Atualmente, 70% do arroz consumido pelos brasileiros são de territórios gaúchos, 15% de Santa Catarina e o residual é espalhado por outras áreas.
O ministro criticou ainda as notícias falsas e a especulação, que levaram a um aumento abusivo nos preços. “Diante da especulação, de tanta maldade e das fake news de que iria faltar arroz, os preços aumentaram de 30% a 40%. Um absurdo. Então, para acalmar o mercado, estamos abrindo o edital de importação”, completou, no evento patrocinado por Fernando Cavalcanti, vice-presidente do Nelson Willians Group.
*Reconhecimento histórico*
Carlos Fávaro fez, ainda, menção ao trabalho de vários antecessores. “Poder suceder a Alisson Paulinelli, Roberto Rodrigues, Guedes Pinto, Blairo Maggi, Kátia Abreu, Tereza Cristina, Marcos Montes, tanta quanta gente competente que tocou esse Ministério da Agricultura… encontrei um ministério com servidores muito qualificados”, destacou
“Brasil é essa potência graças ao seu sistema sanitário. Posso dar exemplos: há cinco dias, quatro países do mundo não tinham casos de gripe aviária: Nova Zelândia, Austrália, Paraguai e Brasil. O Paraguai é um plantel relativamente pequeno. Nova Zelândia e Austrália, isolados com menor risco de contaminação. E o Brasil, no centro do mundo, que consegue se superar. Há cinco dias, houve caso na Austrália e, hoje, são apenas três países do mundo sem casos. É competência de um sistema muito eficiente, com régua alta, de controle”, comentou.
Em seu balanço dos 500 dias à frente do Ministério da Agricultura, Carloa Fávaro falou ainda das dificuldades de crédito. “Por incrível que pareça, não havia linhas de crédito disponíveis para os produtores em janeiro de 2023. E o novo plano safra seria só iniciado em junho passado. O que fazer? Criamos uma linha de crédito inovadora, dolarizada, para todos os produtores. Pela primeira vez, oficialmente, o Brasil teve uma oportunidade de linhas de crédito dolarizadas para o agronegócio, com juros internacionais muito abaixo do juro proibitivo que temos no sistema brasileiro”, comentou.
“Isso deu, então, vazão às oportunidades. Nada menos que R$ 8 bilhões foram tomados nessa linha de crédito, com zero de intervenção do orçamento público, com juros que ficam em torno de 8% ao ano. É o maior plano safra da história, com R$ 440 bilhões. A Confederação Nacional de Agricultura fez todos os seus estudos e nos ajudou muito, mostrando quais eram as demandas naquele momento. Fizemos um plano quase 10% maior que o da CNA. Esse plano vem alavancando e gerando crescimento da agropecuária, apesar das adversidades climáticas e dos preços das commodities achatados. Resultado: o saldo da balança comercial brasileira em 2023 foi de quase R$ 100 bilhões, recorde absoluto, muito disso puxado pela agropecuária”, destacou.
*Mercados novos*
No primeiro quadrimestre deste ano, o Brasil estabeleceu recorde das exportações, puxado pelo setor. “Fruto de um trabalho intenso, de reconectar o Brasil às boas relações diplomáticas, às boas relações de amizades. O presidente Lula fez 20 viagens internacionais nesse período e abriu as oportunidades. E eu fui atrás e fiz outras 20 viagens com delegações de empresários, para que nós pudéssemos fazer isso e reverter as oportunidades comerciais”, destacou.
Isso abriu mais mercados para a agropecuária brasileira, em 500 dias. “São 51 países com os quais não tínhamos relações comerciais. Há 20 anos, lutávamos pelo mercado da carne bovina e suína para o México. Um mercado consumidor do tamanho do Brasil, que comprava quase exclusivamente nos Estados Unidos e Canadá, pagando mais. Desde fevereiro de 2023, estamos vendendo carne bovina e suína para o México”, comentou.
Outro caso emblemático é o da venda de carne de frango para Israel. “Se Israel não é um grande player do mercado, é o maior consumo per capita de carne de frango do mundo, com 67 quilos por pessoa. E é o mais remunerador de todos. Sabe quantos países do mundo vendem carne de frango para Israel? Só o Brasil. Uma grande oportunidade”, destacou. “Conseguirmos, com nosso sistema, nos credenciarmos ao abate kosher. A partir de agora, todo judeu do mundo, quando alguém encontrar uma bandeja com carne de frango brasileira com o símbolo kosher, vai ter sua segurança religiosa atendida. E o Brasil passa a vender com preferência para todos os judeus do mundo inteiro. Veja a dimensão dessa abertura de mercado”, disse.
*Qualidade da conferência*
Para o presidente do Lide Brasília, Paulo Octávio, o agronegócio é cada vez mais relevante para a economia do Brasil e do Distrito Federal e se destaca como gerador de negócios e oportunidades. “O setor tem mostrado força e importância para a economia local. Temos muito a fazer e a aprender, especialmente no que diz respeito à tecnologia, que tem sido essencial para o avanço do agronegócio e precisamos estar atentos a isso”, ressaltou.
Ele também lembrou o desenvolvimento agrícola da capital nestes 64 anos. “O tempo passou e a gente foi mostrando que tudo é possível. Brasília trouxe o avanço da região Centro-Oeste, desenvolveu a região e trouxe o agronegócio. Hoje, o cerrado brasileiro é grande produtor. No último sábado, fui à AgroBrasília, que teve R$ 5,1 bilhões em negócios. É um número extraordinário. Isso mostra a força de Brasília”, destacou o presidente do Lide Brasília.
Cumprimentando ainda os anfitriões Fernando Cavalcanti, Carol Mendes e Nelson Willians, ele destacou a presença maciça do empresariado e dos presidentes das entidades classistas locais, além de dirigentes de estatais e representantes do GDF, como os secretários José Humberto Pires de Araújo (Governo) e Cristiano Araújo (Turismo); do Poder Judiciário, como o vice-presidente do TJDFT, Roberval Belinati; e de parlamentares, como a deputada federal Bia Kicis (PL), o presidente da Câmara Legislativa, Wellington Luiz; e os deputados distritais Chico Vigilante (PT) e Doutora Jane (Agir).
*Sobre o Lide*
Fundado em junho de 2003, o LIDE – Grupo de Líderes Empresariais é uma organização de caráter privado, que reúne empresários em nove países e quatro continentes. Atualmente tem 1.300 empresas filiadas (com as unidades nacionais e internacionais), que representam 49% do PIB privado brasileiro. O objetivo do Grupo é difundir e fortalecer os princípios éticos de governança corporativa no Brasil e no exterior, promover e incentivar as relações empresariais e sensibilizar o apoio privado para educação, sustentabilidade e programas comunitários. Para isso, são realizados inúmeros eventos ao longo do ano, promovendo a integração entre empresas, organizações, entidades privadas e representantes do poder público, por meio de debates, seminários e fóruns de negócios.