O deputado distrital Brunelli (PSC), pré-candidato a senador, concedeu entrevista ao jornal Folha da Capital. Leia na íntegra:
1. Folha da Capital _ O Senhor foi eleito pelo DEM, mas alegou haver um acordo para sua saída do partido. Como e quando se deu esse acordo?.
Brunelli – É importante rememorar os fatos. Em 2005, meses antes das eleições gerais de outubro de 2006, o nome do nosso grupo político para disputar o Palácio Buriti era do então senador Paulo Octávio. Foi com base em exaustivas negociações com o Senador, então pré-candidato ao Governo pelo Democratas, e outras lideranças do partido, que decidi deixar o PP e ingressar no DEM. Depois, os fatos políticos evoluíram, Paulo Octávio abriu mão de sua candidatura ao governo em favor do hoje governador José Roberto Arruda. Terminado o processo eleitoral, com a vitória do DEM e eu como distrital mais votado do partido e coligação, comecei a verificar que os acordos, os compromissos de campanha, não estavam sendo cumpridos. Aliás, denunciei os fatos em discurso da tribuna da Câmara Legislativa, em março de 2007. Pronunciamento, aliás, que obteve grande repercussão junto não só aos líderes partidários, mas em todos os segmentos da população. Mostrei que o DEM não havia sido escolhido pelo povo para tomar medidas contra o próprio povo. Demissões no extinto Instituto Candango de Solidariedade (ICS). Derrubadas de casas no Parque Vaquejada. Autoritarismo contra feirantes e ambulantes. Igrejas evangélicas derrubadas sob o cínico argumento de que se encontravam em terrenos não regularizados. Enfim, uma série de medidas arbitrárias que foram contra os meus princípios e em completo divórcio com as metas de campanha e o programa partidário. As minhas idéias já não eram aquelas defendidas pelo Governo do DEM. Decidi, então, que a melhor maneira, para seguir minha trajetória política, alcançar meus sonhos, era buscar outra agremiação política. Como a legislação eleitoral estabeleceu a fidelidade partidária, iniciei negociações com o comando do DEM visando uma saída sem traumas do partido. O presidente regional do DEM, Paulo Octávio, por diversas vezes garantiu a mim e ao meu grupo político que iria resolver a questão e encontrar uma saída pacífica para minha desfiliação. Mas isso não aconteceu. Ficou só nas intenções. Procurei, então, a Executiva Nacional do DEM. Consegui uma carta de desfiliação, em setembro deste ano, o que me permitiu mudar de partido e garantir minha caminhada política como pré-candidato ao Senado.
2. Folha da Capital – E por que o acordo não foi cumprido?
Brunelli – Esta pergunta tem de ser respondida pelos atores principais do DEM aqui no Distrito Federal. Eu, sempre fui fiel aos acordos e não descumpri com minha palavra.
3. Folha da Capital – Qual o problema com a criação do partido que o senhor recolheu assinaturas para criar?. Acha que houve interferência de algum político para atrapalhar seus planos?.
Brunelli- Olha, vamos separar as coisas. O Partido da Justiça Social (PJS), que não é uma coisa pessoal, é um projeto aberto aos evangélicos, aos cristãos em geral, às pessoas de bem desse imenso país, continua a todo vapor. O pJS já tem sua carta de princípios e seus pontos programáticos. Mas a legislação eleitoral estabelece prazos rígidos e normas que não puderam ser cumpridas a tempo para que o PJS pudesse participar, formalmente, do processo eleitoral de 2010. Mas o PJS já tem mais de 200 mil assinaturas e será uma sigla forte inovadora a partir de 2011.
4. Folha da Capital – E por que escolheu o PSC?.
Brunelli – Depois que os acordos não foram cumpridos. Fui, inclusive, impedido de me filiar no PP por manobras de bastidores que não vale a pena comentar aqui. Mas recebi o honroso convite do governador Joaquim Roriz para ingressar no seu partido, o PSC, participar do sonho de resgatar essa cidade para o caminho do bem. Eu e o governador Roriz, e todos aqueles que estão nesse projeto, de recuperação dos valores humanos e do bem-estar social da população brasiliense, queremos um novo Distrito Federal: igualitário, fraterno, mais justo e sem atos que envergonhem seu povo.
5. Folha da Capital – O senhor decidiu no meio do mandato ou já sabia que iria concorrer ao Senado na última eleição?.
Brunelli – Olha, eu acredito primeiro em Deus, na força do pensamento cristão. Acima de todas as coisas está o senhor. Pois bem, depois de dois mandatos de distrital, sempre bem avaliado pela exigente população do Distrito Federal, achei que era de dar conseqüência prática ao meu sonho: o de obter, um dia, uma cadeira de Senador. Sim, eu sempre estive determinado: quando saí de menos de oito mil votos em 2002 para quase 24 mil, no pleito de 2006, já estava no meu coração, com fé em Deus e no apoio dos diversos segmentos da população: o de buscar em 2010 uma vaga ao Senado. Sou pré-candidato, pelo PSC de Roriz, nas eleições de 2010.
6. Por que o Senado e não a Câmara dos Deputados, que seria uma ordem mais “hierárquica” dos acontecimentos.
Brunelli – A verdade é que eu poderia ter ficado na chamada “Zona de Conforto”, ou seja, permanecer no DEM e ter uma quase certa reeleição para distrital em outubro do próximo ano. Poderia lutar uma vaga na Câmara Federal, onde certamente as chances seriam, em tese, melhores e mais consistentes. Mas as lideranças evangélicas representativas da cidade, líderes comunitários, importantes nomes do meio empresarial, dos servidores públicos, dos feirantes, dos autônomos, enfim, lideranças de peso me encorajaram, me apoiaram e fizeram com que eu saísse da zona do conforto, da tranqüilidade aparente. Estou indo atrás de um sonho, com os pés no chão, na companhia do governador Roriz, visando melhorar as condições de vida desse povo sofrido, mas batalhador, do Distrito Federal.
7. A sua saída do DEM gerou desconforto ao governo. O Senhor foi para o PSC e apóia declaradamente a volta do ex-governador Roriz ao GDF. Sofreu retaliações do governador ou de membros do DEM?. Que tipo de retaliações?.
Brunelli – A minha saída do DEM não poderia e nem deveria gerar retaliações dos antigos correligionários, do Chefe do Executivo ou do comando partidário aqui no DF. Tudo que fiz foi às claras, com franqueza absoluta, todos sabiam de minhas convicções e de qual o caminho que iria tomar. Mas, infelizmente, algumas retaliações estão acontecendo. Demissões de funcionários que, é importante que se diga, são servidores do Estado. Trabalham para a sociedade e não em função de interesses pessoas ou de grupos. Acredito, porém, que esses equívocos serão sanados. Eu, de minha parte, quero seguir meu rumo, buscar meus sonhos com determinação, sem rancores. Sou um servo de Deus e tenho amor no coração. Não fujo de boa batalha, mas espero que elas aconteçam mesmo no campo das idéias, dos programas e dos projetos em favor da melhoria das condições de vida da população.
8. Como o senhor encarou as demissões de pessoas nomeadas no GDF com o seu conhecimento e apoio? Isso aconteceu só pelo fato do senhor ter mudado de partido?.
Brunelli – É como eu falei anteriormente. As demissões ocorridas foram equivocadas porque atingiram pessoas capacitadas e que serviam, de forma institucional, ao Estado, à população. A mudança de partido não significou que eu deixei de votar matérias importantes, de interesse do Governo e da sociedade, no plenário da Câmara Legislativa. Esses são os fatos.
9. Como está sua relação com o governo hoje?.
Brunelli – É uma relação clara, objetiva e institucional. Todos aqueles projetos e todas as matérias de interesse da população, eu votarei pela aprovação. Não existe questão pessoal, no caso. Mas razões de Estado.
10. A deputada Eliana Pedrosa foi uma das pessoas que apoiou seu pedido de desfiliação ao DEM. Ela está insatisfeita com o partido? Vocês são muito amigos ?.
Brunelli – A deputada Eliana Pedrosa é uma amiga, uma grande companheira. Desde o meu primeiro mandato na Câmara Legislativa, iniciado em 2003. Tivemos posições comuns ao longo desse período. Ela tem firmeza de propósitos. É independente e corajosa. Mas não posso falar por ela sobre questões partidárias.
11. O senhor vai apoiá-la em sua campanha, mesmo em partidos opostos?.
Brunelli – A política, como dizia o velho Tancredo Neves, governador de Minas Gerais, no século passado, é como uma nuvem. Você olha e ela está ali. Em seguida você observa melhor e a nuvem migrou para outro lugar. O futuro a Deus pertence.
12. Está estremecida a sua relação com o Vice-Governador Paulo Octávio e o governador Arruda?.
Brunelli – Foi o que disse acima. O relacionamento político com o GDF e o DEM é institucional e em defesa dos interesses da população do Distrito Federal. Cada cumpre a sua parte na busca de uma cidade mais justa e feliz. É o que me proponho a fazer sem ressentimentos ou questões de interesse pessoal.
13. Como o senhor vai encarar a próxima campanha, apoiando Roriz e tendo sido ex-aliado de Arruda?.
Brunelli – Ao lado do governador Roriz, penso num debate no campo das idéias, dos projetos e do resgate da cidadania. As nossas propostas serão no sentido de melhorar as condições de atendimento no serviço público de saúde do DF, hoje em estado deplorável. Debater idéias sobre como melhorar a segurança do cidadão, além de definir programas capazes de resgatar o nosso jovem do caminho nocivo das drogas e da violência urbana. O confronto é no campo das idéias e dos projetos.
13.1. O senhor acha que o governador Arruda não concorre à reeleição em 2010? Por que ?.
Brunelli – Como já observei a política é dinâmica e depende de vários fatores como tempo, capacidade de trabalho, alianças e composições partidárias. Não me cabe, neste momento, avaliar posições políticas e estratégicas do vice Paulo e do governador Arruda. O tempo é o senhor da razão.
13.2 . Mas isso é muito sério, o senhor sabe de algo que esteja sendo feito nesse sentido?.
Brunelli – Não tenho informações a respeito.
13.2. Então, Roriz seria eleito o próximo governador com facilidade?
Brunelli – Eleição, como todos nós sabemos, não se ganha de véspera. A vitória vem com muito trabalho, propostas convincentes e espírito de luta. Na hipótese de o governador Arruda desistir de sua candidatura à reeleição, certamente, o caminho do governador Roriz ficaria menos árduo. Mas estamos falando de hipóteses. O que posso diz é que acredito em Joaquim Roriz: por sua experiência, carisma e trabalho comprovado. Ele é o favorito para vencer as eleições de outubro de 2010.
14. O senhor acredita num segundo turno entre Roriz e Arruda? Por que ?.
Brunelli – Sim. Levando-se em consideração que o Distrito Federal, no atual momento político, existem quatro forças bem definidas: o grupo do governador Arruda; os que estão com Roriz; o Partido dos Trabalhadores; e o segmento evangélico, no qual estou inserido. Dentro desse contexto é perfeitamente viável um segundo turno entre Arruda e Roriz. E, também. Não pode ser desprezada a hipótese de Roriz medir forças, em segundo turno, com o PT de Agnelo Queiroz.
15. E com relação ao Senado com o senhor está trabalhando?.
Brunelli – sou pré-candidato ao Senado com o apoio das lideranças representativas do segmento evangélico, de grupos representativos da sociedade civil, como empresários, estudantes, idosos e todos aqueles que sonham com mudanças em favor de uma sociedade justa e equilibrada. Em conjunto com o governador Roriz, quase uma lenda em nossa cidade, tenho certeza que será possível resgatar o sonho de uma distribuição de renda mais justa, saúde pública de qualidade, mais segurança para o cidadão e novas perspectivas econômicas com a instalação aqui no DF de novas indústrias e mais emprego para todos.
16. Mesmo sendo duas vagas para tanta gente na disputa, o senhor tem chances reais de ganhar garantir uma das vagas no pleito de 2010?.
Brunelli – É claro que acredito no meu sonho de ser senador da República como representante do Distrito Federal. Meu nome, conforme atestam as últimas pesquisas, está entre os quatro primeiros, chegando junto com gente como Paulo Octávio, Filipelli, Rollemberg . As chances existem. Mas o caminho a ser percorrido é longo e áspero. Mas junto com Roriz e as lideranças responsáveis dessa cidade tenho a convicção que uma das vagas ao Senado poderá ser minha. Não quero, porém, deixar aqui um otimismo exagerado. Só a força do trabalho, da aliança e do comprometimento, tendo, primeiramente Deus, será possível alcançar o sonho. E ele é possível.
17. E o senhor seria um dos senadores eleitos?. Quem seria o outro?.
Não tenho bola de cristal e nem seria leviano de apontar nomes ainda faltando 11 meses para as eleições de 2010. Acredito na minha vitória e na de Roriz em outubro do ano que vem. Vamos à vitória sob a proteção de Deus.