Muito se fala na tal “indústria da multa” no Distrito Federal. Mas pergunto: Se você andar sempre no limite na via, não estacionar em local proibido e não avançar sinal vermelho, mesmo assim será multado? Claro que não! No DF existem milhares de bons e exemplares motoristas que não são multados porque respeitam a fiscalização de trânsito.
Aí vem um presidente paulista, acostumado a viver numa cidade sem limitações no trânsito, e propõe o fim dos pardais (radares eletrônicos) inclusive para o DF.
Já o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB) que aqui vive há décadas, sabe muito bem da importância de se impor limites aos motoristas da cidade e um dos meios é a fiscalização eletrônica, que já flagrou muitos motoristas imprudentes e alcoolizados, evitando-se assim acidentes graves e salvando vidas.
Enquanto o DF dá exemplo no trânsito, o Presidente Bolsonaro dá exemplo de ignorância ao propor o fim dos pardais. Parece que ele desconhece a gravidade do trânsito brasileiro, que mata e deixa grave sequelas diariamente nas ruas e avenidas brasileiras.
De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 1,25 milhão de pessoas morrem, no mundo, por ano em acidentes de trânsito, e desse total metade das vítimas são pedestres, ciclistas e motociclistas. O trânsito brasileiro é o quarto mais violento do continente americano, segundo dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Dentro do País, São Paulo é o Estado com maior número de óbitos no trânsito e dirigir alcoolizado é a segunda maior causa.
Pensando em diminuir o número de acidentes, foi publicada em 2017 a Lei Ordinária 13.546, do Código de Trânsito Brasileiro, que aumenta a punição para o motorista que causar morte dirigindo alcoolizado. Ou seja, a pena, que antes era de 2 a 4 anos de detenção, passa para 5 a 8 anos de reclusão.
Um motorista dirigindo a 80 km/h, em uma pista em que o máximo permitido é 70 km/h, envolve-se em um acidente que causa a morte de outro condutor. Nessa situação, você diria que houve intenção de matar? Provavelmente não. Porém, e se adicionarmos a essa história hipotética algumas informações, como o fato de o motorista estar embriagado e na contramão? E então, o risco em que ele colocou o outro condutor é passível de ser admitido como intenção de matar?
Discussões semelhantes permeiam o Direito, principalmente na hora de explicar as causas da impunidade em acidentes de trânsito no País. Um levantamento feito entre janeiro e maio de 2017 concluiu que apenas uma pessoa é presa a cada 22 mortes ocorridas em acidentes de trânsito, no Estado de São Paulo.
Os acidentes de trânsito se configuram como grave problema de saúde pública no País. Essas emergências têm, porém, um aspecto particular: a maioria delas é evitável. Ou seja: se motoristas estivessem obedecendo aos sinais de trânsito, certamente não teriam se envolvido em acidentes.
Graças aos radares eletrônicos e barreiras eletrônicas, o número de acidentes graves caiu bastante no Brasil nos últimos 10 anos.
Um levantamento do Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran-DF) indicou que o mês de abril teve uma redução de 50% no número de acidentes de trânsito no DF, em comparação com o mesmo período do ano passado. Em abril deste ano, foram registrados 18 acidentes fatais, já em abril de 2018 foram 36 acidentes com morte. Em relação às vítimas fatais, houve uma redução de 48,7% no número de óbitos. No ano anterior, o mês de abril registrou 39 mortes no trânsito, neste ano foram 20 vítimas fatais.
De acordo com dados da Gerência de Estatísticas do Detran-DF, de janeiro a abril deste ano, foram registradas 89 mortes no trânsito. O quantitativo é 27,6% menor que o registrado no mesmo período do ano passado, quando ocorreram 123 óbitos. Os dados são preliminares, mas indicam que é o segundo quadrimestre com o menor registro de vítimas fatais nos últimos dez anos, ficando atrás apenas de 2017, quando ocorreram 72 mortes.


Enquanto o DF dá exemplo de cidadania no trânsito, o Presidente Bolsonaro insiste no mau exemplo. É preciso investir na educação de trânsito mas também se faz necessário aumentar a fiscalização, ou as avenidas e estradas brasileiras voltarão a matar, mutilar e decepar vidas. Os veículos estão cada vez mais velozes e a impunidade ainda reina no Brasil, onde o presidente da República finge não ver o que acontece no País. As famílias de vítimas no trânsito sabem perfeitamente do que falo, porque a dor é grande e a revolta é constante.
E por último: quem anda de acordo com a lei, não paga multa. Simples assim. Agora é preciso premiar o bom motorista que respeita os limites de velocidade, pedestres, motociclistas e ciclistas. E tirar das ruas os maus motoristas, imprudentes e alcoolizados principalmente (esses indivíduos que bebem e matam deveriam ser presos imediatamente sem direito a fiança).
E fica a dica para o Denatran para que os pardais (radares eletrônicos) não fiquem escondidos. Precisam ser vistos pelo motorista em nome da democracia, segurança e respeito ao cidadão que paga caro ao Estado para ter o direito de trafegar pelas ruas e estradas brasileiras.
Se cada um fizer sua parte, teremos um Brasil melhor com menos violência no trânsito. Fica a dica, presidente Jair Bolsonaro.