Criação de uma rota bioceânica, que atravessará Argentina, Paraguai e Chile, está entre as principais propostas levadas pelo país a encontro anual de ministros dos Transportes na Alemanha
A partir desta quarta-feira (23), o Brasil vai defender a criação de uma rota bioceânica que faça a ligação rodoviária entre o Oceano Atlântico e o Oceano Pacífico para facilitar a integração regional e propiciar maior agilidade no transporte de cargas. O projeto será apresentado pelo ministro dos Transportes, Renan Filho, durante a Cúpula Anual 2023 do Fórum Internacional de Transportes (ITF – Transport Enabling Sustainable Economies), na Alemanha.
Acordos presidenciais chancelados em 2015 entre Brasil, Paraguai, Argentina e Chile prevêem um traçado de 2.396 quilômetros que começa em São Paulo, passa pela cidade sul-mato-grossense de Porto Murtinho, na fronteira paraguaia, depois segue por Misión La Paz (ARG) e termina em quatro cidades do litoral norte chileno, próximo ao trópico de Capricórnio.
Agilidade
Produtos brasileiros que saem do Porto de Santos precisam atravessar mais de 24 mil quilômetros, subir em direção ao Canal do Panamá e só então pegar a rota do Oceano Pacífico para chegar aos mercados asiático e da Oceania. Como consequência, é prevista uma série de vantagens para a região, como uma dinamização do comércio, dos investimentos, da atividade empresarial e até mesmo do turismo.
Estrategicamente, um novo corredor logístico reduziria custos logísticos e tempo de viagem em aproximadamente 12 dias, além de oferecer acesso a grandes mercados consumidores da Ásia, Oceania e Costa Oeste das Américas, o que permitiria um aumento na capacidade de exportação e importação do país como um todo.
“Vamos tratar do fortalecimento da logística, da melhoria da mobilidade urbana e de projetos com sustentabilidade ambiental e com segurança para o cidadão”, ressaltou o ministro Renan Filho, que viajou acompanhado pelo secretário nacional de Trânsito, Adrualdo Catão. A participação do Brasil no Fórum também atende aos esforços do Governo Federal na reinserção do país à comunidade internacional, retirando-o do estado de isolamento em que se encontrava.
Trânsito
Por se tratar de um fórum de discussão de políticas de Transporte, o ministro brasileiro também levará para discussão questões de descarbonização, que envolvem desde carros flex e biodiesel, assuntos no qual o Brasil é pioneiro, até a inclusão de carros elétricos e o desafio do sobrepeso em caminhões elétricos. A regulamentação de motocicletas elétricas e como garantir que o ciclismo e a micro mobilidade se tornem modos de transportes urbanos preferidos e incentivados também fazem parte da programação brasileira.
Desde 2020, o Brasil participa do ITF como membro observador. Atualmente composto por 64 países membros, o ITF é uma organização intergovernamental autônoma. Trata-se de um órgão internacional que atua como um think tank para questões relacionadas à política de transportes de todos os modais e que realiza anualmente um encontro entre ministros de Transportes dos países membros, no qual são apresentadas as últimas novidades e políticas do setor.