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    De olho no Senado

    Deputado está disposto a lutar por sua candidatura a senador e não vê problemas em disputar as prévias no partido. O parlamentar cogita, caso não seja o candidato ao Senado, não se candidatar a nada

      JURANA LOPES
    jcosta@grupocomunidade.com.br
      Redação Jornal da Comunidade

    [credito=Foto: Catarina Callado]Em entrevista ao Jornal da Comunidade, o deputado Chico Leite (PT) avaliou o trabalho da Câmara Legislativa e disse que a sociedade precisa escolher candidatos que estejam na política pelo sonho. Sobre as eleições de 2014, o parlamentar informou que é pré-candidato ao Senado e disse que vai a todas as zonais do partido a fim de convencer os companheiros de sua candidatura. Ele disse ainda que está aberto às prévias dentro do PT e revelou que caso não seja o candidato à vaga de senador, cogita nem se candidatar.

    Como o senhor avalia o seu trabalho dentro da Câmara Legislativa?
    Procurei fazer o que sempre fiz nos últimos dez anos. Fiscalizei a aplicação dos recursos públicos diariamente para não deixar que eles saíssem da educação e da saúde e fossem para os bolsos dos maus políticos e dos maus empresários. Lutei pela ética na política, com algumas vitórias nacionais como, o fim do voto secreto parlamentar, o fim do nepotismo e a exigência de ficha limpa para ocupação de cargos públicos, inclusive dentro da própria Casa. Contribui para a transparência dos gastos da Câmara e para o processo de cassação de parlamentares que registrassem desvio de conduta. Fundamentalmente, pude preservar a nossa capital da especulação imobiliária enterrando o PPCUB, não há sequer como discutir o projeto, porque ele não preserva, ao contrário, desordena a cidade.

    O que o senhor acha que poderia melhorar na CLDF?
    A Câmara é o reflexo da sociedade que representa. Se há preferência por causas individuais no conjunto da população, há quem represente também esse pensamento nocivo na Casa Legislativa, defendendo interesses individuais ou corporativos, às vezes até inconfessáveis. Nós só vamos conseguir melhorar a Casa quando a própria sociedade fizer uma reflexão e escolher seu candidato entre aqueles que não façam da política profissão, que não usem o voto das pessoas como forma de ascensão financeira, que não defendam apenas interesses econômicos financeiros, que estejam na política pelo sonho. Não adianta a sociedade querer que haja mais recursos na educação e votar no candidato das empreiteiras, a omissão e o silêncio cômodo são cúmplices da corrupção. É preciso que a sociedade vote em candidatos que se pareçam com as ideias que ela quer ver prevalecentes, aí sim ela terá uma Casa de acordo com as causas que ela deseja que vençam.

    Como o senhor avalia seus companheiros?
    Todos lá foram eleitos, não há ninguém designado ou indicado. Nós devemos ter a humildade de reconhecer que se eles lá estão, é porque há parcela da sociedade que os apoia, que apoia esse tipo de pensamento. É preciso que tenhamos humildade e coragem de convencer ao invés de perguntar às autoridades ou a Deus porque as coisas se encontram nesse estado, perguntarmos a nós mesmos o que temos feito para transformar, para mudar a situação.

    Qual sua expectativa em relação ao trabalho da Câmara em 2014?
    Tenho notado que há muito o que se fazer e os interesses são muito ecléticos, diferentes. Mas tenho percebido de parte dos colegas amadurecimento para compreender que é necessário cortar na própria carne e abrir mão de interesses meramente individuais ou corporativos quando a sociedade deseja. Conseguimos reduzir o número de projetos inconstitucionais, às custas de muito desgaste, em mais de 200%, cassamos um parlamentar e há outros processados. Rejeitamos projetos do Executivo, como o PPCUB e a LUOS, isso é positivo.

    Como está a relação do GDF com a Casa?
    A relação é a mesma que assisto há dez anos em governos diferentes. Há contrariedades, debates, interesses legítimos e ilegítimos, transferências de culpa. Enfim, a disputa própria do Estado de direito que diz que os poderes são interdependentes e harmônicos. O problema é que o Executivo é quem tem a chave do cofre, quem executa e, se aproveita aqui e ali da fragilidade de alguns parlamentares para tentar fazer do Legislativo um mero apêndice ou secretaria do poder Executivo.

    Como o senhor analisa o posicionamento do Ministério Público diante de alguns projetos do governo?
    O Ministério Público é apartidário, seu partido é a lei. As reclamações feitas sobre o posicionamento do MP eu já ouvi dos ex-governadores Roriz e Arruda, eles também diziam que o Ministério Público era petista e o perseguiam. Não me parece de bom senso que o estadista só considere a Justiça, o Ministério Público, quando eles se manisfestam a seu favor.
    O que o senhor acha do atual governo?
    O governo é muito melhor em matéria de investimento do que parece. É claro que uma aliança tão ampla como a que foi construída acaba produzindo um governo sem face. A gestão administrativa que nos primeiros dois anos pecou muito, hoje já mostra acertos com calendários de obras, com organização orçamentária, com planejamento e para isso, a vinda do secretário Berger (Casa Civil) foi fundamental. Mas, a gestão política continua muito deficiente, pois o governo que mais investiu na saúde nos últimos 30 anos e que contratou 11 mil funcionários nessa área, continua sendo profundamente criticado exatamente na saúde, isso porque não há relação política. O governo não se relaciona com a sociedade civil organizada, não dialoga com a população, não consegue fazer esses investimentos se refletirem em percentual de aprovação das pesquisas.

    O senhor acredita na reeleição de Agnelo Queiroz?
    Eu defendo as mesmas causas que forjaram o partido de defesa dos mais necessitados, como a ética, a transparência, a inclusão social, a transformação da sociedade em um conjunto mais fraterno e mais igual. Por isso, não defendo pessoas, mas projetos, causas. Se o governo conseguir ajustar sua relação com a sociedade ao ponto de mostrar a ela no quê optou por investir, já que prioridade não é discurso é investimento, há plena possibilidade de uma reeleição.

    Qual sua expectativa pessoal para as eleições do ano que vem?
    Sou pré-candidato ao Senado, já formalizei à direção regional do partido a minha pretensão. Vou caminhar de agora até março por todas as zonais para tentar, humildemente, convencer os companheiros de que posso ser esse senador das causas petistas originais, de um partido de estratégia de política pública e não meramente de táticas eleitoreiras.

    Haverá prévias?
    Ouvi falar que há outros pretendentes pela vaga. Se aparecerem, me submeterei humildemente às prévias. Se houverem pré-candidatos de fora do partido, da aliança, eu os convidarei a debater dentro do partido, não abrirei mão do debate. Minha candidatura ao Senado é pra valer, cogito inclusive, de não sendo candidato ao Senado, não me candidatar a nada.

    Como está a movimentação dentro do PT para a escolha do candidato ao Senado?
    Há motivos de sobra para que a vaga seja do PT e não de outro partido, mesmo que seja da aliança. O DF tem três senadores, o PT é o partido com maior percentual de apoio da população e não tem nenhum senador. Penso que o melhor candidato ao Senado na chapa é aquele que, se afinado com os princípios de ética, transparência e defesa de causas, mais ampliar na sociedade civil.

    O que o senhor espera das eleições de 2014?
    Vai ser uma eleição de disputa de projetos e ideais, de reflexão sobre trabalhos. Por isso é que trabalho tanto, porque nunca terei voto por dinheiro, por beleza, vou ter apoio pelo que fiz e pelo que demonstrei pensar nas minhas realizações.

    Qual sua opinião sobre os pré-candidatos ao governo?
    Há alguns nomes que a folha corrida me impede de fazer qualquer avaliação em respeito ao povo do DF. Mas há candidatos competitivos como (deputado) Reguffe e (senador Rodrigo) Rollemberg, eles têm o meu respeito. Toninho, do Psol e Eliana, do PPS, que correm por fora, também tem seus apoiadores leais.

    Como o senhor enxerga o cenário presidencial?
    A presidente Dilma já dá nítidas demonstrações de ser a melhor opção. O cenário presidencial pode influenciar, inclusive, aqui no DF e vice-versa, porque o DF é vitrine. Só em abril será possível fazer uma avaliação mais concreta do quadro eleitoral ou desenho das alianças. Por enquanto, com todas as dificuldades que a Dilma tem passado, ao suportar o eixo amplo demais de alianças e as crises internacionais, as pesquisas têm demonstrado que ela é a melhor opção.

    O que o eleitor do DF busca em um candidato?
    As manifestações de rua deixaram claro que a sociedade espera alguém ético, comprometido com a preservação da capital e que tenha capacidade técnica e política de realizar. Honestidade é obrigação, o que deve contar é o trabalho.

     

     

    Fonte: Jornal da Comunidade

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