Certa vez um jovem jornalista me procurou. Ele era intenso nas ideias, visivelmente apaixonado pelo jornalismo investigativo e ávido por notícias quentes (hot news) que gerassem polêmica. Naquela época eu já tinha minha empresa de Comunicação, era editor de uma revista, um jornal e produzia e apresentava um programa na Tv Brasília.
Após uma longa conversa, logo ele foi trabalhar comigo num ousado projeto jornalístico que ajudou alavancar sua carreira.
Tempos depois ele foi contratado para outros importantes veículos, como Veja, Istoé, Correio Braziliense e Jornal de Brasília. Durante muitos anos fui sua principal fonte. Éramos amigos e parceiros no jornalismo investigativo e era comum trocarmos informações sobre denúncias e investigações contra figurões. “E aí, meu velho? Qual a boa de hoje?”, costumava perguntar.
Tínhamos o salutar hábito de frequentar as cafeterias da cidade, mas tínhamos preferência por uma localizada no Parkshopping.
E foi justamente nesta cafeteria que em 18 de julho tivemos nosso último encontro, às 15 horas daquela segunda-feira. Conversamos muito, sorrimos bastante e ele me disse que estava feliz com a matéria que eu havia escrito sobre ele (clique aqui) que denunciou o presidente da Codeplan por assédio moral. Inclusive chegou a registrar ocorrência contra o gestor. Ele também me disse que estava tranquilo e que ele aceitava ser meu assessor de imprensa no período eleitoral. Ele começaria na próxima semana.
Exato um mês após nosso café, na manhã desta quinta-feira (18) ele subitamente nos deixou, após ficar alguns dias internado no Hospital Regional da Asa Norte (HRAN). A última vez que nos falamos foi no dia 27 de julho, e tomaríamos um café na próxima segunda-feira (22).
Seu sorriso, sonhos, garra, simpatia, coragem e inteligência, transformaram seu nome em grife do jornalismo brasileiro. E ele conquistou muitos amigos na profissão que abraçou.
Obrigado por tudo, meu querido amigo Ary. Descanse em paz, meu velho, pois você lutou muito nesta vida onde infelizmente os justos são penalizados, desprezados e perseguidos por denunciarem bandidos de colarinho branco.
A sua luta não foi em vão, meu velho.