Editorial
Ser jornalista é trabalhar com versões. É saber ouvir, escutar todos os lados. Tirar os excessos, investigar, mas, acima de tudo, confiar. E, para isso, a relação com a fonte é fundamental. Se a fonte mente, se omite, ela deixa de ser fonte. Nem tem sentido ela existir, ou ser chamada como tal. Informação é um bem precioso, ao qual todos querem ter acesso. E se a fonte é o canal para isso, o bom é cultivá-la. Existe o risco da manipulação, mas vai de cada um ter o dom de saber até onde ir.
Outro dia, poucas linhas lidas fizeram com que eu pensasse muito sobre o assunto. Era um jornal. Nele, o texto insinuava, de forma bem discreta, que Durval Barbosa estaria se utilizando do poder da informação para o autoconsumo, a conhecida barganha. Do estilo: Conte isso, que eu te faço aquilo. Coisas mais ou menos desse tipo.
Denunciar, ele já denunciou. Todos. Sem exceção. Se houve realmente um delito, e ele teve acesso, denunciou. Mas por algo que está muito intrínseco: a sua consciência.
Se fez, que pague.
Cansa saber que mentes perdem tempo em busca do óbvio, sendo que o óbvio, que é a verdade, está a um palmo de distância da visão. É só enxergar. E, claro, querer ver. Causa-me certo desconforto tentar entender o motivo que faz pessoas se deixarem levar por nada.
Muitas vezes acontece um fato e nossa autodefesa é ágil: busca logo uma forma de explicar ou de pelo menos tentar entender o motivo que levou aquilo a ocorrer. Mas o que as pessoas precisam entender é que em uma batalha as piores armadilhas são aquelas que nós mesmos preparamos, só que acabamos esquecendo que estavam ali.
Imagine uma pessoa ter de abrir mão da própria vida para colocar à disposição da justiça a verdade? Não é qualquer um que abriria mão da liberdade para que os fatos viessem à tona. Simplesmente pela coragem. Porque contra fatos, realmente, não há argumentos.
Fonte: O Distrital
