A empresária Cristiana Prestes Taddeo, envolvida na fraude da compra dos respiradores em sua delação premiada, relatou que a Polícia Civil da Bahia intencionalmente deixou de mencionar o nome do ex-governador, Rui Costa (PT), nos depoimentos que ela prestou sobre as fraudes no contrato de R$ 48 milhões. Atualmente Rui Costa é Chefe da Casa Civil do governo Lula. As informações são do UOL
O dinheiro foi pago adiantado à empresa HempCare, que atua na área de derivados de maconha, e nunca entregou os respiradores. Costa era o presidente do Consórcio Nordeste, que reunia os nove governadores da região, e ao justificar a assinatura do contrato, com pagamento adiantado dos respiradores a uma empresa que comercializa derivados de maconha, simplesmente explicou que não leu o contrato porque “não domina o inglês”.
O caso não foi examinado pela CPI da Covid do Senado, porque a ministra Rosa Weber, do STF, ao decidir na ADPF (Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental) 848, suspendeu a convocação de governadores sob suspeita, aprovadas pela comissão, sob a justificativa de que “comissões parlamentares de inquérito não podem investigar o uso, pelos estados, de recursos provenientes de repasses federais.”
O governador Rui Costa durante seu mandato ordenou a abertura de um inquérito pela Polícia Civil sobre a aquisição dos equipamentos, que nunca foram entregues. Este é um dos argumentos utilizados pela defesa de Rui, para negar qualquer envolvimento com o negócio que causou prejuízos ao erário.
Mas a empresária relatou que os delegados encarregados da investigação na Bahia se recusaram a incluir as referências ao governador nos termos de seu depoimento. A empresa recebeu os recursos mas não entregou os respiradores. Cristina alegou ter mencionado o nome de Rui Costa “três ou quatro vezes”.
“Todas as vezes que eu mencionei o governador Rui Costa, os delegados que estavam me entrevistando minimizaram a sua participação dizendo que ele não tinha nenhuma culpa; que essas respostas se repetiram e, em algumas oportunidades, de forma agressiva; que então eu percebi que eles estavam protegendo o governador”, disse a delatora.
Cristina prestou depoimento após ser presa temporariamente pela Polícia Civil da Bahia em junho de 2020, sendo depois solta a após cinco dias.
A então delegada-geral adjunta da Polícia Civil da Bahia, Ana Carolina Rezende, foi apontada como a integrante da oitiva que mais protegia o governador, junto com demais delegados que a interrogavam. E citou que suas referências à então primeira-dama baiana Aline Peixoto também foram retiradas do depoimento em que citou um empresário que se apresentou como amigo do casal e cobrou R$ 11 milhões de comissão para fechar o contrato.
“Eu, inclusive, destaquei que Cléber Isaac se apresentou como sendo muito amigo dela e os delegados fizeram perguntas a respeito, mas não há nada disso nos termos de depoimento juntados”, disse Cristiana Taddeo, segundo o UOL.
Resta saber para onde foi o dinheiro. Cadê o Coaf para investigar?