Responsável por denunciar distritais, incluindo a presidente afastada da Casa, por suposta cobrança de propina, Liliane Roriz diz que retoma o mandato “de cabeça erguida”
A sessão desta terça-feira (4) da Câmara Legislativa foi marcada pelo retorno da deputada Liliane Roriz (PTB), após quase um mês de licença não remunerada. A distrital esteve afastada desde que se tornaram públicas as denúncias contra integrantes da Mesa Diretora da Casa, hoje afastada pela Justiça, sobre possíveis desvios de emendas parlamentares em troca de propina.
Em seu discurso, Liliane passou a justificar sua decisão de denunciar colegas distritais ao enumerar uma série de manchetes de sites e jornais que retratam o descaso com a saúde pública do DF.
“São apenas alguns exemplos dos muito que vemos todos os dias na TV”, frisou. Segundo ela, “as manchetes que li agora mostram que os leitos de UTIs não atendem nem os pacientes que esperam por um lugar”. O caso denunciado pela parlamentar foi justamente sobre pagamento de empresas de UTI em troca de dízimo aos deputados.
A parlamentar lembrou que um dos deveres de parlamentar, de acordo com a legislação que rege a ética e o decoro parlamentar, é combater e denunciar o clientelismo, o empreguismo e a corrupção em todas as suas formas. “Não podemos fechar os olhos para erros que por ventura vemos ou sabemos que são cometidos e que podem gerar danos à população”, disse.
Sob os olhos atentos dos parlamentares e assessores, a parlamentar continuou: “Fechar os olhos para isso seria não só desumano de nossa parte, mas também negligência. Seria como dizer para a população que caímos no senso comum. E não é isso que eu quero e tenho certeza que não é isso que nenhum dos senhores querem”, discursou.
Durante o discurso, a parlamentar aproveitou para rebater uma das acusações feitas a ela pela presidente afastada da CLDF, Celina Leão, uma das principais investigadas pelo Ministério Público, a quem classificou Liliane como “picareta”. “Ser correto para mim é justamente não ser picareta, que conforme diz o dicionário é quem procura aproveitar-se dos outros, através de enganos e mentiras. Isso eu tenho orgulho de jamais ter feito”, ironizou.
Liliane pediu apoio aos parlamentares para continuarem combatendo as más práticas dentro do Legislativo local e desabafou sobre o tempo que ficou fora da Casa. “Não achei justo que a Câmara pagasse por meu salário durante esse período”, justificou.
No fim do discurso, a distrital reforçou que seu retorno se dá “de cabeça erguida” e que não é apenas um sobrenome ao frisar que ela, sim, é a única herdeira política do ex-governador Joaquim Roriz. “Sou deputada eleita de segundo mandato. Meu trabalho e respeito ao povo do Distrito Federal são a minha certeza de que fiz o que foi o correto e de que estou no caminho certo”, finalizou.
Operação Drácon
A Operação Drácon investiga a ocorrência de supostas condutas criminosas consistentes na exigência, por parte de autoridades com foro por prerrogativa de função, de valores financeiros indevidos a empresas como contrapartida para a destinação de sobras orçamentárias para o pagamento de passivos em atraso por parte do Governo Distrito Federal, relativos ao gerenciamento de Unidades de Terapia Intensiva.
Mandados de busca e apreensão e de condução coercitiva tiveram como alvos os deputados Celina Leão (PPS), Bispo Renato (PR), Júlio Cesar (PRB), Raimundo Ribeiro (PPS) e Cristiano Araújo (PSD), além do ex-servidor da CLDF Valério Neves, do servidor Alexandre Braga e do ex-presidente do fundo de saúde do DF Ricardo Cardoso. Eles foram cumpridos nos gabinetes dos deputados e da presidência da CLDF e nas residências. Os deputados perderam os cargos na direção da Casa por decisão da Justiça e todos os servidores mencionados perderam os cargos, por determinação do novo comando da Casa.
Fonte: Blog do Sombra