Apesar de breves palavras, Lira foi cirúrgico no pronunciamento em que declarou publicamente apoio a Hugo Motta, na disputa pela sucessão da Câmara.
No mesmo discurso, trouxe um dos temas que tem sido motivo de fortes embates entre o PL (maior bancada da Casa) e o atual governo: o Projeto da Anistia.
A aprovação do projeto, no entendimento do PL, pode abrir caminho para Bolsonaro disputar as eleições de 2026. Hoje, o ex-presidente está inelegível até 2030.
A estratégia de Lira foi blindar Hugo de ter que se posicionar sobre o tema e correr o risco de perder apoio de um dos lados.
A tentativa de blindagem vem com a informação de que as discussões vão ocorrer nestes próximos meses, no âmbito de uma Comissão Especial. Ou seja, antes da eleição para a Mesa Diretora da Câmara, prevista para fevereiro de 2025.
Lira: “O tema deve ser devidamente debatido pela Casa. Mas não pode jamais, pela sua complexidade, se converter em indevido elemento de disputa política, especialmente no contexto das eleições futuras para a Mesa Diretora da Câmara. E é por isso que, na condição de presidente da Câmara dos Deputados, determinei a criação de uma Comissão Especial, para analisar o PL 2858/22. Essa Comissão seguirá rigorosamente todos os ritos e prazos regimentais, sempre com a responsabilidade e o respeito que são próprios deste Parlamento.”
Agora, Hugo já tem o discurso pronto para falar para os dois lados (PL e governo) que o debate deve ser feito na Comissão Especial instaurada por Lira.
Apesar do apoio público de Lira a Hugo, consideramos que o jogo continua aberto na sucessão da Câmara.
Vamos acompanhando. Direto de Brasília
Erich Decat, head de análise política da Warren Investimentos