NINGUÉM SE ENTENDE NO PMDB

ELEIÇÕES 2010 – DISTRITO FEDERAL
Ninguém se entende no PMDB

Lilian Tahan, do Correio Braziliense

 Faltam dois dias para a convenção do PMDB no Distrito Federal, momento em que são definidos os aliados para a disputa eleitoral, mas a legenda continua partida ao meio. O governador Rogério Rosso e o presidente da sigla no DF, Tadeu Filippelli, não chegaram a um consenso ontem e adiaram as negociações para hoje. Às 11h, acabará o prazo de Rosso para submeter uma chapa própria aos dirigentes locais do PMDB. Ao não ceder durante a conversa com Filippelli, o governador-tampão dá sinais de que está disposto a seguir com a intenção de concorrer à reeleição.

Os dois políticos estiveram reunidos durante uma hora e meia na tarde de ontem. Filippelli gastou todos os argumentos para convencer Rosso a desistir da investida. Mas saiu do encontro sem avanços, situação que deixa o comando do PT no DF em estado de alerta. Na última semana, os petistas mergulharam de cabeça no projeto de aliança com o PMDB(1). O candidato ao governo Agnelo Queiroz (PT) anunciou publicamente a composição com Filippelli, que será o vice na chapa liderada pela esquerda. Neste sábado, também ocorre a convenção do Partido dos Trabalhadores.

Desestabilização
A resistência de Rosso, no entanto, desestabilizou a estratégia de poder dos dois partidos. Ele considera que, na condição de governador eleito, tem estofo de protagonista para opinar nas negociações. Tem defendido publicamente que o PMDB deve lançar seu próprio candidato. E chegou a dizer que Filippelli seria um bom nome. Mas ao insistir na chapa própria, ele acaba na verdade trabalhando em prol de sua reeleição, embora tenha afirmado no período da eleição indireta que não concorreria à disputa de outubro. Publicamente, Rosso nega que seja ele mesmo o candidato. E alega que seu discurso é partidário e não em causa própria.

Se Rosso resolver ir adiante com a opinião de candidatura própria, o desfecho para o impasse no PMDB ocorrerá no sábado, quando os convencionais serão chamados a votar. Pelas contas do grupo ligado a Filippelli, há chances de confirmar a união com o PT por meio da aprovação da maioria dos convencionais. Mas essa vantagem não está sendo dada como certa. Parte das pessoas que votam no sábado não concorda em se submeter ao projeto petista. No DF, PT e PMDB nunca trabalharam do mesmo lado.

Planalto
Caso prevaleça no placar da convenção a tese de Rogério Rosso, que balança a bandeira da soberania peemedebista, é possível que haja uma intervenção do diretório nacional no PMDB do DF. A direção da legenda já mostrou que defende a coligação com o PT local, a exemplo da composição feita para a candidatura de Dilma Rousseff à Presidência da República.

Na última terça-feira, Filip-pelli e Agnelo estiveram na sede provisória do governo federal, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB). Foram fazer um resumo da situação do DF a Swedenberger Barbosa, um dos principais assessores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e integrante da campanha de Dilma Rousseff.

No mesmo dia, Rogério Rosso esteve no CCBB. Tratou oficialmente de um desconto nos repasses do Fundo Constitucional, que abastece a área de segurança do DF . Mas, diante do chefe de gabinete de Lula, Gilberto Carvalho, Rosso também expôs sua proposta de viabilizar um palanque alternativo para Dilma na capital da República. A proposta foi desencorajada pelo assessor do Planalto, que bateu na tecla da dobradinha com o PMDB.

1 – Início de namoro
A aproximação entre o PT e o PMDB do DF começou no período da eleição indireta, em abril. Distritais petistas respaldados pela autorização do PT nacional aceitaram participar do acordo que elegeu Rogério Rosso para o mandato até dezembro. Desde então, dirigentes das duas legendas passaram a conversar sobre a hipótese de manter o apoio para outubro. Em princípio, a resistência maior foi de setores do PT que não queriam fazer campanha casada com candidatos do PMDB expostos na Caixa de Pandora. O impasse entre Rosso e Filippelli, no entanto, é agora o principal entrave para a confirmação da aliança entre os dois partidos.

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