O sedentarismo infantil é uma realidade que vem crescendo nas últimas décadas e no período de recesso escolar é ainda mais evidente
No período do recesso escolar, a preocupação com o sedentarismo infantil é ainda maior, já que as crianças não têm as atividades obrigatórias. Isso pode significar mais horas em casa, em frente às telas e longe de brincadeiras que movimentam o corpo. Ao contrário de gerações passadas, as crianças da atual geração Z não estão tão acostumadas com atividades na rua, que envolvem o movimento do corpo. Se antigamente os pais brigavam para que os meninos e as meninas voltassem da rua, agora eles quase imploram para que os pequenos brinquem mais ativamente e desliguem as telas.
Para colaborar na redução desta realidade, o professor de educação física do Colégio Objetivo DF, Rodrigo Bueno,indica a prática de atividades prazerosas que possam ser feitas em grupo, como andar de bicicleta, de patins, andar ou correr em um parque ou fazer trilhas. “A primeira coisa é saber o que pode ser mais prazeroso, uma vez que uma pessoa sedentária, ainda mais de férias, estaria em sua zona de conforto”, comenta Rodrigo. Já em casa, o profissional recomenda que seja montado um canto atrativo para praticar atividades como polichinelos, corrida estacionária, agachamentos ou pular corda.
Contudo, vale lembrar que uma rotina de exercícios durante todo o ano é fundamental e, inclusive, auxilia no processo de aprendizagem, haja vista que contribui para a oxigenação do cérebro, para a respiração, para o controle da ansiedade, para a concentração e para a velocidade de raciocínio. Durante o ano letivo, o professor de educação física sugere atividades que façam sentido para a criança ou jovem. “Não é impor, é mostrar a ela a importância da atividade física e apresentar opções que possam gerar a sensação de prazer. Práticas de esportes coletivos são interessantes para incentivar e iniciar na atividade física, pois desenvolvem a interação”, pontua o profissional.
Consequências do sedentarismo
Com o aparecimento de tecnologias cada vez mais acessíveis para a criançada, muitas vezes eles têm preferência por passar o tempo livre em frente às telas, brincando com videogames e navegando pelas redes sociais ao invés de praticarem brincadeiras mais dinâmicas que exijam do corpo. Isto tem se tornado um agravante para o sedentarismo infantil, que após os tempos de isolamento social sofreu grandes aumentos.
Um estudo realizado pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) constatou que, antes da pandemia, 67,8% das crianças praticavam atividade física pelo menos duas vezes na semana. Contudo, durante o primeiro mês de isolamento, o número caiu para 9,77%. O cenário preocupa os especialistas. Afinal, o sedentarismo infantil pode trazer profundas consequências para a saúde das crianças. Além da obesidade, a falta de atividade física é capaz de afetar a qualidade do sono, o desempenho nos estudos, causar cansaço excessivo e a falta de força muscular.
“Qualquer atividade, sejam exercícios físicos, brincadeiras e recreação, é essencial para o desenvolvimento físico, motor, intelectual e social da criança interferindo no seu desenvolvimento integral, além de ajudar a prevenir a obesidade infantil”, afirma o médico endocrinologista do Hospital São Francisco, José Couto.
O médico acrescenta ainda que a companhia dos pais é fundamental neste processo e destaca a função social e motivacional das atividades. “O ambiente também influencia no comportamento das crianças. Por isso, é fundamental que os pais sejam exemplos e motivem com brincadeiras e recreações, além de mostrarem a importância da atividade física para a saúde dos filhos. O isolamento social contribuiu para o sedentarismo e dificultou o convívio entre as crianças, principalmente em relação às aulas. Dessa forma, afetou a relação entre as habilidades esportivas e a motivação e inclusão social que o esporte proporciona”.