Embora 2014 seja um ano das eleições majoritárias no país onde normalmente as Assembleias Legislativas esvaziam suas sessões plenárias porque os parlamentares ou estão em busca de novos ares políticos ou as suas reeleições, não é o que se prenuncia para a Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLÇDF), em função da farta documentação e gravações autorizadas pela Justiça em poder do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e da Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Deco). O material apreendido durante a Operação Átrio, realizada no último dia 7, coloca em risco o mandato de sete deputados distritais.
Uma prova de que deputados distritais, gestores e servidores públicos estão na mira do Ministério Público e da polícia é um documento obtido com exclusividade pelo Blog rotadeseguranca.com.br. A degravação da polícia, aponta um empresário pedindo ajuda a um deputado distrital para conseguir a liberação de um alvará de construção em uma administração regional, em troca de propina. Segundo uma fonte, o material confirma que novas administrações regionais deverão ser alvos de investidas de promotores de Justiça Gaeco e de policiais da Deco.
O Ministério Público e a Deco não estão dando trégua aos gestores públicos e deputados suspeitos de envolvimento em suposta corrupção. Um exemplo da atuação dos dois órgãos nas administrações regionais para dar um basta na farra da liberação de alvarás irregulares para grandes empresários, à base de propina, foi o susto que levou o Administrador Regional da Fercal, na última quarta-feira (14). Ele foi surpreendido pela manhã, com a inesperada visita de um promotor de Justiça e policiais da Deco. A equipe fazia levantamento do trabalho e de documentos produzidos pela regional .
Sem alternativa, o gestor teve de abrir as portas da administração para o MP e a Deco. O grupo estava a procura de possíveis irregularidades e supostos atos de corrupção que por ventura possa existir na regional. Contudo, tanto os promotores quando os policiais não informaram se alguma irregularidade foi encontrada. O material vai passar por análise e perícia criteriosa, que vai contar com o auxílio do Instituto de Criminalística (IC). “É um trabalho de rotina que estamos fazendo nas administrações regionais”, disse um promotor.
Estão na mira de promotores de Justiça e da Polícia Civil, as regionais de Sobradinho I, Guará, Samambaia, Ceilândia, Vicente Pires e Gama. A investigação indica, inclusive, que a sociedade vai tomar conhecimento, em breve, que entre os parlamentares suspeitos está um de esquerda. O deputado, que normalmente circula falando ao celular dizendo, supostamente em forma de bravata, que o diretor geral da Polícia Civil, lhe confidencia operações policiais no Distrito Federal, está no olho do furacão.
A investigação aponta que alguns parlamentares comandam as administrações regionais. De acordo com a polícia, para se manter no cargo, os gestores públicos são obrigados a cumprir à risca as ordens dos distritais. Os alvarás irregulares liberados supostamente à base de propina, já comprovados nas administrações regionais de Águas Claras e de Taguatinga, servem de provas. Um dos administradores exonerado foi indicado por um deputado, que usou a tribuna da Câmara Legislativa para fazer sua defesa e ter o apoio de alguns colegas.
Na última sexta-feira (15) acabou o período de prisão temporária que os ex-administradores Carlos Sidney Oliveira e Carlos Alberto Jales, das administrações regionais de Águas Claras e Taguatinga, respectivamente, cumpriam por determinação judicial. Sidney estava em um confortável sítio, na região de Brazlândia, enquanto Jales ficou “muito doente”, e se internou as presas em um hospital particular na região que comandava, minutos antes da prisão determinada pela Justiça