TCU suspeita de fraude e barra concurso do Planejamento

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    Edital dá peso excessivo para experiência profissional em “atividades gerenciais”, o que pode facilitar contratação de indicados políticos

    Tribunal de Contas da UniãoTCU identificou problemas na comprovação de títulos e da prática profissional (Divulgação)

    O Tribunal de Contas da União (TCU) suspendeu concurso do Ministério do Planejamento para admitir novos servidores por suspeita de que as regras favoreçam a contratação de indicados políticos, com cargos de chefia no serviço público. Para os ministros da corte, o edital dá excessivo peso à experiência profissional em “atividades gerenciais”, o que abriria as portas da pasta para a entrada de comissionados que ocupam altos postos na administração pública.

     

     

    A seleção para o concurso foi aberta em junho e prevê a nomeação de 150 especialistas em políticas públicas e gestão governamental, com salário de 13.600 reais mensais. Nada menos que 9.600 pessoas se inscreveram e fizeram as provas objetiva e discursiva da primeira fase, cujo resultado ainda não foi divulgado. Os problemas identificados pelo tribunal estão na segunda etapa, de comprovação de títulos e da prática profissional.

     

     

     

    “É um concurso que parece que tem endereço certo”, critica o ministro do TCU José Jorge, para quem as regras se assemelham a uma “coisa para contratar petista”.

     

     

     

    Na segunda fase, quem for selecionado pode obter até 200 pontos. O candidato soma até cinquenta se tiver título de doutorado; até quarenta com mestrado; e até trinta com especialização. Para aquele que ateste experiência profissional em atividade gerencial, a pontuação pode alcançar 150 (quinze por ano de exercício). Em outras palavras, quem ocupou posição de gerência nos dez anos da gestão do PT no governo federal, pode conseguir a pontuação máxima.

     

     

     

    O governo defende o modelo como um “aperfeiçoamento dos métodos de recrutamento” e não descarta adotá-lo em outras seleções futuramente. “Isso pode ser aplicado em outros concursos, dependendo da necessidade”, adianta a secretária de Gestão Pública do Planejamento, Ana Lúcia Amorim Brito.

     

     

    Para o TCU, além de um exagero no peso dado à prática profissional, não há clareza quanto aos parâmetros para aferir a chamada “experiência gerencial”. O edital permite que se pontue tanto as atividades na iniciativa privada quanto no setor público, mas a avaliação e o julgamento de cada caso ficarão a cargo de uma banca examinadora formada pela Escola de Administração Fazendária (Esaf), do Ministério da Fazenda, responsável pela seleção.

     

     

    Liminar – Na prática, a suspensão do TCU se soma a um entrave judicial. Liminar do Tribunal Regional Federal da 1.ª Região também mandou, pelo mesmo motivo, parar o concurso em outubro, a pedido da Associação Nacional dos Especialistas em Políticas Públicas e Gestão Governamental (Anesp).

     

     

    No plenário do TCU, as regras do edital foram duramente criticadas na noite desta quarta-feira. “O que eles (o Planejamento) estão querendo fazer é tudo o que se tenta acabar desde a Constituinte”, afirmou o ministro José Jorge. “O povo dos cargos comissionados fazia concurso para eles mesmos passarem. Esse parece uma tentativa de fazer isso”, acrescentou.

     

     

    O relator do processo, Raimundo Carreiro, disse que um dos problemas é a falta de definição do tipo de experiência aceita no serviço público, cujos cargos mais altos são divididos entre direção e assessoramento.

     

     

    A secretária Ana Lúcia Amorim argumentou que o concurso visa à contratação dos melhores profissionais, com experiência de mercado, pois essa é a necessidade da pasta. “Estamos tentando aperfeiçoar o recrutamento”, afirmou Ana Lúcia.

    (Com Estadão Conteúdo)

     

     

    Fonte: Veja

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