Petrobras vai investir R$ 1,5 bi em projetos socioambientais

Lenine-Goianésia

Projeto “Encontros socioambientais com Lenine” reuniu representantes de cinco projetos em atividade no Centro Oeste para troca de informações e união de esforços

O equivalente a R$ 1,5 bilhão é o que a Petrobras Socioambiental programa investir, nos próximos cinco anos, em projetos transformadores de realidades não desejáveis. Atualmente há 764 projetos em carteira no Brasil. O anúncio é do gerente executivo de responsabilidade social da companhia, Armando Tripodi, que acompanhou a agenda do encontro de projetos do Centro Oeste no último fim de semana no município de Goianésia (GO).

Sob a organização do projeto anfitrião Verde Vida e do cantor e compositor Lenine, que vem integrando com sua arte os projetos em atividade em 12 regiões do País, cinco iniciativas do Centro Oeste estiveram reunidas entre os dias 6 e 8 de junho. Com uma agenda de conhecimento dos resultados que o Verde Vida vem obtendo com moradores do assentamento Vitória e de troca de impressões e informações, a proposta do programa “Encontros Socioambientais com Lenine” tem o objetivo de estimular a aglutinação de forças para enriquecer ações de atendimento às comunidades de diferentes formas.

Lenine Goianesia2O projeto Semeando o Bioma Cerrado, da Rede de Sementes do Cerrado, participou do encontro e seu coordenador, Rozalvo Andrigueto, avaliou a iniciativa de forma positiva e com expectativa. “A partir desta convivência e conhecimentos dos objetivos e metas dos demais projetos, identificamos pontos de atuação conjunta e já fomos sondados por alguns coordenadores sobre o possível desenvolvimento de formatos para integrar diferentes competências e potencializar resultados”, assinalou.

Tribo do bem – Para Lenine, as visitas que realiza aos projetos e o show não são o mais importante, mas o fato de, depois de mais de 30 anos de carreira, entender que sua arte pode jogar luz sobre o trabalho realizado por pessoas que querem resolver problemas e formam “uma tribo do bem”. O projeto foca em áreas distantes dos grandes centros urbanos e saio daqui fortalecido por ver que tem uma turma que sonhou um caminho coletivo dentro de uma consciência holística e que está fazendo aqui e agora, sem esperar, e já não se sentem tão sozinhos, porque se identificam no outro, declarou.

Lenine, que ao final do segundo dia de encontro realizou um show aberto à comunidade na praça de Goianésia comentou que a música lhe deu um passaporte. “Tenho ido a muitos lugares, sei que sou diferente de um brasileiro médio que conhece o País e eu, nesta 11ª etapa de Encontros Socioambientais, não conheço nada do Brasil”, constatou. Ao fazer um balanço sobre o que tem presenciado, ele não acha que temos algo a comemorar agora, porque “há muito que fazer, ainda temos bolsões medievais no País. A gente já podia ter dado grandes respostas para a humanidade”.

Petrobras Socioambiental – A integração de todos os programas – Petrobras Desenvolvimento e Cidadania, Petrobras Ambiental e Petrobras Esporte Educacional – , que eram tratados de forma segmentada, começa a ser consolidada no plano de negócios do que agora é identificado como Petrobras Socioambiental. De acordo com Tripodi, nos últimos cinco anos o programa investiu R$ 1,9 bilhão e contabiliza 5,73 milhões de pessoas atendidas e a geração de 20 mil postos de trabalho, além de outros resultados expressivos. Também inclui entre as conquistas a formação de um conjunto de gestores, multiplicadores, que se dedicam à formação de cidadãos. Até o final deste ano, a Petrobras Socioambiental deve informar aos gestores dos projetos uma nova gama de indicadores de resultados. Serão indicadores de transformação, segundo o gerente executivo. Para Tripodi, “os projetos que mais transferem desenvolvimento são os que trazem para o protagonismo os atores das ações, normalmente eles também geram novas tecnologias”.

Tecnologias sociais – Os projetos Verde Vida e Cerrado Vivo buscaram nas tecnologias sociais Produção Agroecológica Integrada e Sustentável (PAIS), Sistema Agroflorestal (SAFS) e Agrosilvopastoril (SASP) alavancar a qualidade de vida de famílias do assentamento Vitória. São 57 famílias atendidas pelos projetos, as quais receberam parcelas de cerca de 40 hectares para viver e produzir e vêm obtendo resultados com a orientação recebida pelo projeto, explica a coordenadora administrativa, Denise Neres, que com o coordenador técnico, Fernando Corso, foram anfitriões do encontro de Goianésia. A produção com atenção à preservação dos recursos hídricos e recuperação da vegetação do Cerrado são o foco do trabalho desenvolvido por eles junto às famílias de assentados.

O projeto Handebol, inclusão e cidadania da Associação Cultural e Esportiva Força Atlética, propõe o esporte como principal ferramenta de desenvolvimento e inclusão social. A coordenadora Cláudia Catarino conta que inicialmente eles atuavam em uma escola municipal e a partir do patrocínio da Petrobras “conseguimos estender para seis escolas de periferia de Goiânia para alunos de 8 a 14 anos de idade”. Cláudia assinala que o projeto privilegia temas transversais e promove festivais internos, festivais de integração, relação com escola e família e vem colhendo como resultado o melhor rendimento escolar, a assiduidade e a certeza de serem mais um instrumento para permanência das crianças na escola, por constatação dos próprios pais.

Focados na agricultura familiar, o projeto Pé de Cerrado mira na preocupação com os recursos hídricos e a preservação do bioma. Para a coordenadora Jaqueline Oliveira, a preservação dos recursos hídricos para manter a agricultura familiar visa sensibilizar também o jovem e seu potencial para transmitir conhecimento. Cláudia apresentou um vídeo com depoimentos de pessoas tocadas pelo trabalho onde o agricultor seu Severo passa o lema: plantar é igual a comer, tem que ser todos os dias.

Com um trabalho social na saúde voltado a atender portadores de necessidades especiais, o coordenador do Núcleo de Atendimento ao Paciente Especial em Odontologia (NAPEO), Dirceu Aparecido Machado Borges, apresentou sua dinâmica de atuação pela humanização e respeito às pessoas. Somos 20 profissionais, que há duas décadas realizam este trabalho com cerca de seis mil atendimentos de saúde por mês. Integrante de uma aldeia de poucos índios, como identificou os presentes ao encontro, Borges apresentou as barreiras que encontra para cumprir o ideal a que se propõe. “Mas acredito no cidadão como agente transformador”, declarou ao contar que para sensibilizar autoridades e também jovens estudantes, o projeto gera vivencias nas escolas e com autoridades locais para que experimentem viver uma deficiência e percebam as carências tanto em termos de infraestrutura na cidade de Itumbiara (GO), quanto em comportamento no caso de alunos que praticam bulling com colegas.

Semeando o Cerrado – O coordenador do Semeando o Bioma Cerrado, Rozalvo Andrigueto, chamou a atenção dos participantes ao apresentar dados de que nos últimos 50 anos o Cerrado foi mais destruído do que a Mata Atlântica em 500 anos de descobrimento do Brasil. O bioma que tem dois milhões de quilômetros quadrados de extensão (205 mil campos de futebol) se continuar neste ritmo de degradação, antecipa Andrigueto, “até 2030, ficará restrito às unidades de conservação, terras indígenas e áreas impróprias para agricultura”. Segundo o coordenador do projeto, restam cerca 50% da área original de Cerrado onde pouco mais de 2,2% está protegida em unidades de conservação. Estudos mostram que somente no estado de Goiás, já se perdeu 65% da vegetação original e no Distrito Federal, 57% da cobertura vegetal original foi perdida nas últimas cinco décadas.

Para a recuperação das áreas degradadas e preservação do bioma, um dos grandes problemas é a baixa qualidade de sementes de plantas nativas e este é o foco do projeto que se propõe a atuar em toda a cadeia produtiva. Nesta etapa de desenvolvimento do projeto, Andrigueto destacou as metas a serem cumpridas até 2015: catalogar 3.600 árvores matrizes; demarcar 60 áreas de cerca de 10 hectares cada como área preservada; restaurar cinco hectares de áreas já degradadas; capacitar tecnicamente 390 pessoas diretamente para produzir sementes e mudas florestais nativas em condições ambientalmente corretas e economicamente sustentáveis. Sensibilizar e conscientizar diretamente 886 pessoas em ações de Educação Ambiental e 2480 atendidas indiretamente. Este é o resultado que a Rede de Sementes do Cerrado, através do projeto Semeando o Bioma do Cerrado, deve e quer apresentar no período de dois anos de trabalho.

O Semeando o Bioma Cerrado abrange comunidades que vivem nesse bioma nos estados de Goiás, Mato Grosso e no Distrito Federal com ações previstas para serem implementadas nos municípios goianos de Ipameri, Alto Paraíso, Cavalcante, Barro Alto, Pirenópolis e na capital, Goiânia. No Mato Grosso, o município de Sinop foi incluído nesta fase por situar-se em área de Cerradão, uma transição entre os biomas Cerrado e Amazônico.

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