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    BC tem mantido ‘estabilidade institucional’ nas atas do Copom e deve migrar para agenda de mais transparência, analisa professor em podcast do Instituto Millenium

    Declaração foi feita durante análise do mais recente paper que concluiu que as atas do Copom não estão mais duras no governo atual

     

    O Banco Central tem mantido uma estabilidade institucional em suas decisões sobre a taxa de juros e deve continuar caminhando para uma agenda de mais transparência, acompanhando a trajetória de outras instituições financeiras internacionais relevantes. Essa avaliação foi feita pelo professor de economia do Ibmec, João Ricardo Costa Filho, nesta quarta-feira (19), durante podcast do Instituto Millenium, que discutiu a série história das atas do Comitê de Política Monetária (Copom), no mesmo dia em que o grupo reduziu a taxa Selic de 13,75% para 13,25% ao ano.

     

    Ao comentar o recente paper do Instituto que analisou a atas do Copom desde 1999 e constatou que elas não ficaram mais duras no atual governo, o professor disse ter recebido a informação como uma “surpresa boa”. “Como leitor do paper e como cidadão, eu fico muito feliz que de um governo para o outro a gente tem uma instituição que se mantém”, disse. “Me surpreende um pouco, mas é aquela surpresa boa. Às vezes como pesquisador gostamos de achar a variabilidade. Mas a verdade é que como professor, pesquisador e ser humano eu gosto da ideia de que nós tenhamos certas estabilidades institucionais”, seguiu o professor.

     

    No podcast eles também conversaram sobre as perspectivas para o futuro do Banco Central, e Costa Filho ressaltou a importância de a instituição avançar na agenda de transparência. “O Banco Central vai continuar migrando para uma direção de mais transparência. Isso é um movimento que tem sido feito, o Banco Central sabe da importância disso. Quando a gente compara a transparência do Banco Central do Brasil com outros no resto do mundo, tem várias coisas que o nosso não divulga tanto. Começou a divulgar certas estimativas para alguns indicadores da economia, mas não abre muitos modelos”, avaliou o professor.

     

    Como contou o especialista, algumas instituições internacionais, como o Banco Central dos Estados Unidos (FED – Federal Reserve Board), tem um sistema robusto de transparência, com informações organizadas. Além de Costa Filho, participaram do debate on-line os cientistas de dados Geraldo Leite e Wagner Vargas, autores da pesquisa sobre as atas do Banco Central. O bate-papo foi mediado pelo CEO do think tank, Diogo Costa.

     

    Atas. Integrantes do governo têm expressado descontentamento com decisões anteriores de manter as taxas em um patamar elevado, ventilando a hipótese de a motivação ser divergência política. Apesar disso, a analise do think tank não verificou alteração de conduta nas atas. “A hipótese de que as atas do Banco Central teriam endurecido no atual governo, devido à diferença ideológica, não foi confirmada pelos resultados deste estudo”, afirma o mapeamento feito pelos cientistas de dados Geraldo Leite e Wagner Vargas.

     

    Fazendo uma avaliação do estudo publicado pelo Instituto Millenium, o professor de economia lembrou ainda que a estabilidade do Banco Central coincide com o início da implementação do sistema de metas de inflação. “É super interessante perceber que desde 1999, que é quando a gente tem a instalação do sistema de metas de inflação, o Brasil já começou a aprender com a experiência internacional e passou a reproduzir um sistema que está dando certo\”, explicou.

     

    O estudo emprega técnicas sofisticadas de aprendizado de máquina – uma vertente da inteligência artificial que permite que os sistemas aprendam e aprimorem com a experiência – e modelagem de tópicos para transmutar documentos das atas em um formato que pode ser processado e analisado por algoritmos. Utiliza-se o método Latent Dirichlet Allocation (LDA) para detectar e agrupar tópicos distintos dentro dos textos. “Trata-se de um modelo que não é supervisionado, não há nenhum tipo de interferência humana para induzir algum tipo de padrão. Ele aprende e gera o resultado sozinho”, explicou Geraldo Leite, durante sua participação no podcast.

     

    Como conclusão, ainda durante o podcast, Wagner Vargas reforçou a importância da elaboração de análises técnicas, baseadas em dados e evidências, para que a construção de políticas públicas no Brasil seja mais eficiente.
    Para assistir a íntegra do podcast, acesse o Youtube do Instituto Millenium. A íntegra do paper está disponível no site do Instituto Millenium.
    Sobre o Instituto Millenium

    O Instituto Millenium é uma associação civil sem fins lucrativos e sem vinculação político-partidária, reconhecido por defender interesses públicos e, principalmente, valores e princípios democráticos que pautam o desenvolvimento do país. Com um quadro de formadores de opinião e influenciadores, o think tank proporciona um espaço de debate para encontrar soluções para os problemas econômicos e sociais do Brasil.

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