SANTA CATARINA – O nascimento de um filho é um dos momentos mais esperados e marcantes na vida de uma família, imaginado dentro de uma sequência natural: o parto, o aconchego nos braços dos pais, a alta hospitalar e, finalmente, a chegada em casa. No entanto, esta série idealizada nem sempre corresponde à realidade de muitas famílias. Complicações na gestação, a necessidade de proteger a saúde da mãe e do bebê ou um nascimento prematuro, podem exigir que o recém-nascido receba cuidados especiais, prolongando sua internação no hospital.
No Brasil, estima-se que 1 em cada 10 bebês nasça antes das 37 semanas de gestação, expondo-os a uma série de desafios devido à imaturidade de seus órgãos. Este índice coloca o país entre os 10 com maior número de partos prematuros no mundo. Contudo, dados preliminares do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (Sinasc) indicam uma tendência de melhora. Em 2023, foram registrados 303.144 mil nascimentos prematuros, enquanto neste ano, até outubro, foram 193.942 mil partos antes da 37ª semana de gestação.
Com o objetivo de oferecer apoio aos pais de prematuros internados na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal do Hospital Unimed Chapecó, foi realizado um encontro que incluiu um café da manhã e uma roda de conversa com os pais e profissionais da equipe multidisciplinar. A iniciativa reuniu, no auditório da cooperativa médica, técnicos de enfermagem, enfermeiros, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, psicólogos, nutricionistas e médicos que acompanham os bebês durante sua internação.
O evento também fez parte das celebrações do Dia Mundial da Prematuridade, ocorrido em 17 de novembro. Esta data integra a campanha Novembro Roxo, que tem como objetivo sensibilizar a população sobre a necessidade de reduzir a incidência de nascimentos prematuros, oferecer orientação sobre prevenção, esclarecer as consequências para a saúde do bebê e informar sobre os direitos dos prematuros e de suas famílias. A cor roxa foi escolhida por simbolizar sensibilidade e transformação.
PREMATURIDADE
“É importante falarmos sobre a prematuridade porque ela ainda é um desafio nos dias de hoje. A prevenção está relacionada com um pré-natal adequado e bem conduzido, a realização de exames que identifiquem precocemente condições de saúde materna e fetal que possam ser diagnosticadas e tratadas”, destaca a enfermeira supervisora da UTI Neonatal do Hospital Unimed Chapecó, Camila Carlesso. Ela ressalta que a prematuridade é uma das principais causas de mortalidade neonatal no Brasil.
A médica pediatra e neonatologista cooperada da Unimed Chapecó, Dra. Luiza Gabriel Barbiero, reforça que o melhor desfecho do nascimento prematuro é ter tempo hábil para utilização de medicamentos para o amadurecimento pulmonar e proteção neurológica. “Muitas vezes, essa não é a realidade porque muitos dos bebês nascem de partos de emergência. Mas vale ressaltar que o acompanhamento com o especialista é fundamental para conduzir a melhor alternativa para determinada condição materna ou fetal”. Ela complementa que todo parto prematuro requer atendimento especializado, por isso há uma ampla gama de tecnologias e protocolos específicos para que esses bebês não tenham sequelas e vivam saudáveis.
O nascimento antecipado pode ser uma experiência emocionalmente desafiadora à família pela constante preocupação com o bem-estar do bebê. “Ser pai e mãe de prematuro é uma missão extremamente difícil e que traz muitos ensinamentos, como paciência, coragem e cuidado desde o início da vida. Eles passam por um momento de muita insegurança, por isso, a equipe deve estar pronta para acolhê-los e ajudá-los a enfrentar o dia a dia dentro de uma UTI Neonatal”, observa a médica pediatra e neonatologista.