Blog faz análise do debate promovido pelo Metrópoles

Assisti ao debate promovido pelo portal de notícias Metrópoles. Senti a atmosfera que envolvia a plateia e os pré-candidatos, que aliás, estavam nitidamente nervosos. A jornalista Lilian Tahan coordenou o debate com profissionalismo e simpatia, demonstrando porque ela fez do Metrópoles um dos maiores portais de notícias do Brasil.  Confira abaixo um breve resumo sobre a atuação de cada um e o resumo do que vi e ouvi:

RODRIGO ROLLEMBERG

Candidato à reeleição, o  governador Rodrigo Rollemberg (PSB),  ficou escrevendo alguma coisa o tempo todo, além de tomar bastante água e jamais ter olhado para a esquerda, onde se encontrava o pré-candidato Jofran Frejat (PR). Muitos comissionados comparecerem para aplaudir Rollemberg, não importando o que ele falava. Eram muitos e barulhentos. Alguns até ultrapassaram os limites, ao incomodar quem estava ali para simplesmente ouvir as propostas e não xingamentos contra os adversários do governador. Rollemberg aproveitou e anunciou algumas conquistas de seu governo durante o debate. E definitivamente Rollemberg está preparado para atacar seus oponentes.

ALEXANDRE GUERRA

Alexandre Guerra (NOVO), herdeiro do milionário grupo Giraffas, decorou direitinho a cartilha no NOVO, o partido que ele representa no DF. Falou muito sobre gestão mas não foi claro, caso eleito, como governará. Atacou a Câmara Legislativa e acha que governará sem o apoio de deputados. Disse ainda que não fará acordo de cargos com políticos. Cometeu  o deslize de dizer que é preciso “redistribuir a criminalidade”… Alexandre é o político antipolítico, que na prática não funciona. Collor tentou governar sem negociar com a Câmara dos Deputados e deu no que deu. O discurso é bonito, mas não há consistência para a sua aplicação no Executivo.

IZALCI LUCAS

O pré-candidato do PSDB ao GDF se enrolou todo ao ser questionado por Alexandre Guerra sobre os conflitos internos dentro do ninho tucano. Izalci se esquivou da pergunta e afirmou que o eleitor não quer saber de partido, mas sim, de propostas. Foi vaiado e não empolgou. Foi muito técnico e atacou duramente o atual Governo.

JOFRAN FREJAT

Jofran Frejat (PR) se saiu bem nas respostas, sempre em tom irônico em cima de Rollemberg, a quem disse que “ainda há tempo para se fazer alguma coisa”. Frejat teve uma batalha com a pré-candidata do PSOL, Fátima Souza, mas acabou vencendo a enfermeira, que demonstrou estar bastante desinformada. Frejat foi elegante nas perguntas e respostas e mais uma vez falou sobre seu trabalho à frente da Secretaria de Saúde do DF.

ELIANA PEDROSA

Eliana Pedrosa (PROS) foi bem nas respostas e poderia ter ousado mais nas perguntas. O único deslize foi a resposta dada ao jornalista Cláudio Humberto, sobre o fato de políticos ligados a empresas prestadoras de serviços terem contratos com o Governo. Ela afirmou que a empresa da família não participará, caso eleita governadora, de licitações em seu Governo. Entretanto, não conseguiu explicar direito como políticos donos de empresas influenciarão seu eventual Governo. A resposta ficou confusa, mas ela se manteve ponderada e firme o tempo todo, sempre olhando para seus interlocutores.

FÁTIMA SOUZA

A professora Fátima Souza, do PSOL, criticou a corrupção mas evitou dizer que seu partido quer que Lula seja solto. Ela atacou duramente Frejat e Rollemberg mas na minha opinião,  continua sendo esquerdista que acha que empresários são culpados por tudo e que o Governo tem que cuidar de tudo e dar sempre aumento aos servidores públicos, custe o que custar. Ela está há 30 anos no DF e portanto não conhece bem os meandros da política local. O PSOL continua sendo o braço do PT.

GENERAL PAULO CHAGAS

Já o General Paulo Chagas (PRP) estava indo bem até afirmar que “essa tal de escola de gênero e ideologia de gênero tem que acabar” . Foi chamado de machista, fascista e racista. O pré-candidato disse que os negros são os que mais morrem por violência urbana, mas também são os que mais matam.  Muita teoria e nenhuma prática o fizeram pecar em algumas respostas, completamente evasivas. É homem intelectualmente preparado, mas politicamente despreparado.

RESUMO

Em síntese foi um debate em que não houve vencedor. Muitos são conhecidos do eleitor brasiliense e os estreantes Alexandre Guerra, General Paulo Chagas e Fátima Guerra são neófitos na política e vivem num mundo distante da realidade do Executivo. Já os antigos políticos, Izalci, Eliana, Frejat e Rollemberg, mesmo experientes, não acertaram o discurso para os novos tempos, uma vez que eleitor atual está atento às falas, gestos, propostas, iniciativas e bandeiras de seus candidatos. Nenhum empolgou neste primeiro debate.

Nenhum pré-candidato demonstrou estar preparado para convencer os indecisos. Os discursos ouvidos não manifestam o que de fato o eleitor quer ouvir e sentir. Falaram para os militantes e se esqueceram de falar para os internautas que acompanhavam o debate.

Muitos pré-candidatos ao Governo do DF estão sem equipe, sem pessoas com experiência e conhecimento político e da cidade para orientá-los. Alguns pré-candidatos nada anotaram, não se preparam e alguns sequer estavam com  perguntas prontas para os adversários. Amadorismo total! Alguns perderam a oportunidade de crescer neste primeiro debate. Deveriam ter se preparado melhor. Por outro lado, Alexandre Guerra estava municiado contra os adversários, que inexplicavelmente não souberam explorar as deficiências do herdeiro do Giraffas.

Que venha o próximo debate e que os pré-candidatos ao Governo do DF estejam melhor preparados e atentos ao que o povo deseja ouvir.

Fonte: Donny Silva