Jean Wyllys (PSOL-RJ) foi hostilizado por parlamentares ao dizer que promotores do Rio Grande do Sul constataram que não havia apologia à pedofilia nas obras.
Por Fernanda Calgaro, G1, Brasília
Um grupo de deputados bateu boca nesta terça-feira (12) no plenário da Câmara sobre a exposição de diversidade sexual em Porto Alegre cancelada pelo Santander Cultural após críticas de que as obras estariam promovendo pedofilia, a sexualização de crianças e zoofilia.
Dois promotores do Ministério Público do Rio Grande do Sul foram até o Santander Cultural, que sediava a mostra, e constataram, porém, que não havia pedofilia nas obras. Nesta terça, grupos protestaram em Porto Alegre pró e contra a suspensão da exposição.
O tema foi levantado no plenário pelo deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ), que acabou hostilizado. Em um dos momentos, o deputado Marco Feliciano (PSC-SP) segurou cartazes atrás de Wyllys, enquanto ele discursava. Wyllys, então, arrancou uma das folhas de papel da mão do parlamentar. Um segurança chegou a se posicionar entre os dois.
Em seu discurso, Wyllys afirmou que a exposição foi alvo de intolerância e que não havia apologia à pedofilia na exposição. Enquanto ele argumentava que o Ministério Público não viu pedofilia nas obras, deputados, entre Major Olímpio (SD-SP), passaram a vaiá-lo e a gritar que ele estaria mentindo.
Vários parlamentares fizeram discursos em defesa da família, dizendo que a exposição atentava contra os bons costumes.
Wyllys, então, voltou ao microfone e passou a citar reportagens que mostravam o posicionamento do Ministério Público de que não via apologia à pedofilia e chamou os colegas parlamentares de “bando de ignorantes, bando de hipócritas”.
Para efeito de comparação, ele afirmou que, por analogia, apresentar um crucifixo com Jesus Cristo em uma cruz seria apologia à tortura. O comentário inflamou ainda mais os ânimos.
Deputados ligados à bancada evangélica exigiam uma retratação, enquanto parlamentares de partidos de esquerda acusavam os demais de promover o “obscurantismo”.