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    Jofran Frejat, o político que amou e respeitou Brasília

    Em 2017, numa manhã de sol, Frejat me chamou para tomar um café. Peguei minha moto, coloquei o capacete (por isso o cabelo sem gel na foto acima) e corri para lá. Frejat sempre respeitou a imprensa e mantinha o hábito de conversar com alguns jornalistas da cidade com certa frequência. Sabia ouvir e gostava de saber como “estava” a cidade, principalmente no quesito saúde pública.

    Durante nosso encontro em sua residência no Lago Sul, destaquei aqui no Blog alguns pontos sobre o médico-cirurgião e político do DF:  Ele, à época com 80 anos de idade, estava mais lúcido que nunca, gozando ótima saúde, acreditava que a direita iria se unir em torno do nome que melhor estivesse avaliado pelo eleitor em 2018, e fez questão de lembrar que foi ele quem abriu o caminho para que pastores evangélicos tivessem acesso aos hospitais (antes era permitido só para padres católicos), ainda na década de 80.

    Por outro lado, Frejat estava profundamente decepcionado com o caos na saúde pública  e derramou lágrimas ao falar sobre o legado que deixou quando ocupou a Secretaria de Saúde do DF por algumas vezes.  “É triste ver a desconstrução do que um dia com muito trabalho construímos para a população do DF”, afirmou, em referência principalmente ao caos protagonizado na saúde pelo governo do PSB do então governador Rodrigo Rollemberg.

    E Frejat foi além e falou sobre honestidade: “Moro na mesma casa há 41 anos e não ando de Ferrari pela cidade. Sou simples, trabalhador, honesto,  amo e respeito Brasília”, afirmou o notável médico-cirurgião que também era extremamente respeitado no meio político, e que tinha o apoio do PR para disputar qualquer cargo que desejasse em 2018.

    Tomamos um delicioso café e conversamos muito sobre saúde pública, política, alegrias e tristezas. Saí de lá com a certeza de que ele tinha muito orgulho de ter servido o DF na Câmara dos Deputados e na Secretaria de Saúde. E que apesar de estar muito bem disposto, senti que ele estava mesmo era curtindo a família (diariamente indo à padaria comprar pães logo cedo) e que a política deixaria para outros.

    Houve muita insistência para que ele disputasse o Buriti, mas no fundo, ainda nesse encontro em 2017, Frejat me passou a imagem que já havia cumprido sua parte e que o tempo que não teve para a família antes, os anos vindouros seriam para o momento de curtir cada momento. E ele curtiu muito a família.

    Nas eleições de 2014 , com 55,56% dos votos válidos, o então senador Rodrigo Rollemberg, do Partido Socialista Brasileiro (PSB) foi eleito governador do Distrito Federal derrotando Jofran Frejat,  do Partido da República (PR) que obteve 44,44% dos votos. A mulher de Arruda, Flávia, era sua vice na chapa.

    Já em 2018, Frejat, contrariado com atitudes de Arruda em 2014 que o levaram à derrota, preferiu desta vez não vender a alma para o chefão do PR no Distrito Federal  e simplesmente no auge da campanha desistiu da candidatura a governador do DF, mesmo estando muito na frente de seus adversários em todas as pesquisas naquele ano.

    A honradez de Frejat deixou o eleitor do  Distrito Federal perplexo porém feliz, porque sabia que ele não abriria espaço num eventual governo para conhecidos corruptos ocuparem espaço. E por outro lado, deixou os políticos do DF desnorteados e ao invés de se unirem, preferiram disputar a vaga (e apoio) de Frejat: Eliana (PROS), Alírio (PTB), Fraga (DEM) e Rosso (PSD),  que no fim das contas acabaram por ajudar eleger o novato Ibaneis Rocha (MDB), eleito no segundo turno das eleições de 2018 em disputa com Rodrigo Rollemberg, que disputava a reeleição.

    Frejat estava com a bola toda, e sua morte, ocorrida nesta segunda-feira (23/11), revelou mais uma vez a importância do renomado político e respeitado ex-secretário de Saúde do DF no cenário político e social da cidade.

    Frejat sempre me tratou com carinho, amizade, sinceridade e me presenteava com ótimas histórias e furos também. Foi ele quem me chamou e me pediu para dar, com exclusividade, a notícia de que não seria mais candidato a nada em 2018. Fui ouví-lo ainda no portão de sua casa no Lago Sul. De lá parei numa cafeteria e postei o furo daquela eleição.

    Que Deus conforte  a família e os muitos amigos neste momento de dor e muita saudade.

    Morreu o político que deixou um grande legado para a população do DF. Adeus, Doutor Frejat.

     

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