A legislação financia iniciativas culturais que trazem em seu cerne a luta contra o racismo no cinema, fotografia, teatro, entre outras linguagens
O Dia da Consciência Negra é um símbolo de luta contra o racismo e a cultura é uma das principais ferramentas na busca por justiça racial. A Lei Paulo Gustavo (LPG) — o maior investimento da história feito na cultura — fomenta projetos do DF que têm a problemática racial em seu cerne.
Gabriel de Araújo é diretor e roteirista do curta Não Há Crime no Plano Piloto, ficção distópica que se passa em um futuro em que as partes ricas da cidade são cercadas por um muro e a entrada é permitida somente mediante apresentação de passaporte.
“Pra falar da origem desse filme, trago a citação de Martin Luther King, famoso ativista pelos Direitos Civis nos Estados Unidos, que certa vez disse que ‘as revoltas são a linguagem daqueles que não são ouvidos’, explica o cineasta, que aponta as desigualdades como um fator decisivo para um futuro turbulento.
O curta foi a primeira oportunidade de Gabriel de trabalhar sem ser apenas com recursos próprios, graças à LPG. “Ter recursos para dirigir em um set profissional, com todo mundo recebendo e movimentando a cadeia produtiva foi ótimo, e pela experiência que eu já tinha, foi bem tranquilo, apesar de ser um roteiro desafiador.”
O projeto está nas últimas fases de pós-produção, como colorização, desenho e mixagem de som e efeitos visuais. A expectativa, segundo Araújo, é finalizar o curta ainda este ano e lançá-lo no circuito de festivais de 2026.
Teatro Negro do DF
Em comemoração aos 10 anos de existência, o Grupo Embaraça construiu um espetáculo inédito, com diversas apresentações pelo DF, além de realizar o seminário “Dramaturgia e Teatro Negro”.
A proponente Tuanny Pereira de Araújo classifica o financiamento da legislação como fundamental para o projeto, que consiste no trabalho de formação, difusão e pesquisa sobre teatro negro. “Fomentar projetos com mulheres negras que lideram seus próprios grupos proporciona que a pluralidade do teatro seja uma realidade e os recursos sejam distribuídos de forma equânime, fazendo com que excelentes profissionais tenham oportunidade de serem reconhecidos, expandindo sua pesquisa, atuação e prática artística realizada”, complementa.
Mercado Sul
Mapeando Memórias Visuais: Mercado Sul, Um Chão de Cores também foi fomentado pela LPG no DF. O projeto é voltado para um dos territórios culturais mais importantes da capital, o Mercado Sul (Taguatinga), historicamente ocupado por populações negras e periféricas.
A iniciativa consiste em um mapeamento de acervo histórico em formato de fotolivro e site, destacando imagens históricas da Comunidade Cultural no Mercado Sul. A iniciativa também promove intervenção artística no local a fim de difundir o legado do espaço, que está em processo de reconhecimento como Patrimônio Cultural Imaterial do DF.
LPG
A Lei Paulo Gustavo (Lei Complementar nº 195/2022) é o maior investimento já feito no setor cultural do Brasil, somando mais de R$ 3,8 bilhões de reais destinados a projetos culturais. Os recursos da lei são disponibilizados por meio de editais e outras formas de seleção pública. Artistas e trabalhadores da cultura podem se inscrever para receber parte desse financiamento, que é gerenciado pelos governos estaduais, municipais e do Distrito Federal.
Na capital, já foram R$ 48,1 milhões repassados para o setor cultural. A Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal (Secec) é quem administra os recursos recebidos.
Serviço – LPG/DF
Instagram: @leipaulogustavodf
Site: www.leipaulogustavodf.com.br
Tel: (62) 99612-6143
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