A representação, assinada pelo subprocurador geral do Ministério Público de Contas, Lucas Rocha Furtado, pede que o Tribunal de Contas da União faça auditoria e aponte, dentre outras coisas, “se houve atuação da Sra. Maria Cristina, com a intermediação do Sr. Frederick Wassef, em eventual direcionamento das contratações à Globalweb”. “O volume de pagamentos à empresa teve aumento considerável durante a gestão Bolsonaro”, sustenta a peça.
Furtado afirma, ainda, que Maria Cristina está impedida de contratar com o poder público, por conta de um processo de improbidade administrativa. A proibição não se estende, no entanto, à Globalweb, pois, embora Cristina Boner tenha criado a empresa, o CPF da empresária não consta no quadro de sócios do empreendimento. A Globalweb é chefiada pela filha de Maria Cristina, Bruna Boner.
Cálculo divergente
Em ofício ao TCU, a empresa contesta as acusações. “Segundo dados que podem ser obtidos no Portal da Transparência, os valores recebidos por serviços regularmente prestados a órgãos federais durante o governo Bolsonaro, chegam a ser 70% inferior ao totalizado nas gestões Dilma e Temer, incluindo os valores resultantes de contratações decorrentes de outras empresas que estão em processo de desativação, e que devem ser considerados para efeito deste comparativo”, afirma o documento.
Segundo o documento, a Globalweb recebeu R$ 221 milhões no governo Dilma/Temer. “Os valores recebidos em 2019 foram os mais baixos aferidos desde 2015. Para além, desses R$ 41 milhões que foram recebidos (na gestão presente), apenas R$ 17 milhões são referentes a contratos novos, e R$ 24 milhões são de contratos anteriores ao atual governo”, argumentou a empresa.
“Também no Governo Bolsonaro, as renovações de contratos provenientes de licitações públicas realizadas pela modalidade pregão eletrônico no período foram de R$ 53 milhões, contra cancelamentos e não renovações na ordem de R$ 91,8 milhões. Ou seja, ao contrário do que se afirma, durante esse governo, ocorreram perdas de receita de 42%, e não ganhos”, segue o ofício.