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    RH e TI: A nova parceria estratégica que está moldando o futuro do trabalho

    Por Juliana Maria*

    Nos últimos anos, testemunhou-se uma aceleração tecnológica sem precedentes. Aquilo que antes parecia futurista, como automação inteligente e algoritmos de tomada de decisão, agora está incorporado ao cotidiano das organizações. A inteligência artificial (IA), longe de ser um recurso restrito à área técnica, tornou-se protagonista em discussões estratégicas e operacionais. Em nossas palestras quando perguntamos quem já está usando IA, é recorrente que todas as mãos sobem. Mais importante que a tecnologia em si, porém, é a mudança de mentalidade exigida das empresas. Essa ainda não chegou e é urgente. Estamos em uma nova era de integração entre Recursos Humanos e Tecnologia.

    Essa parceria, já deveria estar sendo consolidada ou pelo menos bem encaminhada. E nesse aspecto falamos de todos os tamanhos de empresas. Manter o RH isolado das decisões e inovações tecnológicas pode comprometer não apenas a eficiência, mas também a sustentabilidade cultural e a estratégica da organização. Se antes o setor era visto como executor de rotinas administrativas, hoje é chamado a atuar como copiloto da transformação digital, lado a lado com a TI.

    Muitos colaboradores já utilizam ferramentas de IA no dia a dia — como redigir e-mails, revisar textos, automatizar tarefas ou gerar relatórios — e, em muitos casos, sem acompanhamento formal do RH. Isso revela um cenário preocupante: a tecnologia está sendo incorporada de forma orgânica, mas desorganizada, o que levanta questões importantes sobre segurança da informação, conformidade legal e coerência com os valores da empresa.

    É nesse contexto que o RH precisa assumir protagonismo. Não se trata apenas de acompanhar a evolução tecnológica, mas de liderar a integração entre pessoas e sistemas, ajudando a moldar o uso ético, eficiente e humano das tecnologias disponíveis.

    A digitalização das atividades de RH já é realidade em áreas como recrutamento e seleção, nas quais algoritmos analisam perfis, comparam currículos e até identificam padrões comportamentais. Mas a verdadeira transformação ocorre quando RH e TI trabalham juntos desde o início, desenhando fluxos, validando ferramentas, testando algoritmos e garantindo que os sistemas reflitam os valores e a cultura da organização.

    Essa integração não é apenas operacional: é estratégica e estrutural. Quando atuam em conjunto, RH e TI criam ambientes mais seguros, inovadores e coerentes — contextos em que a tecnologia amplia o potencial humano, em vez de substituí-lo.

    Com a chegada dos chamados “copilotos” — ou, em outras palavras, agentes inteligentes que aprendem com os usuários e ganham autonomia para executar tarefas — surgem novos desafios. Quem é responsável por esses agentes? O colaborador que os treinou ou a empresa que os utiliza? O que acontece com esses sistemas quando um funcionário deixa a organização? Essas questões exigem um novo modelo de governança, no qual a TI garante a robustez tecnológica e o RH assegura o alinhamento com as diretrizes humanas da empresa. O papel do RH se expande: de executor de processos para curador de relações mediadas por tecnologia.

    A integração entre RH e TI exige uma mudança profunda na identidade do próprio RH. Caminha-se para um modelo em que o setor não apenas acompanha tendências, mas interpreta o futuro organizacional e atua como ponte entre os avanços tecnológicos e o desenvolvimento humano.

    Nesse cenário, talvez “Recursos Humanos” já não dê conta da complexidade do novo papel. Fala-se em Recursos Estratégicos, Gestão de Relações Humanas ou Integração de Talentos e Tecnologia. Mais do que uma mudança de nomenclatura, trata-se de uma evolução de mentalidade: o RH torna-se uma área estratégica de inovação, responsável por garantir que a adoção tecnológica respeite a cultura, a ética e o propósito organizacional.

    Por mais que a automação avance e os agentes inteligentes ganhem espaço, o botão final de qualquer decisão crítica continuará sendo acionado por um ser humano. A tecnologia pode acelerar processos, ampliar o alcance e aumentar a precisão, mas cabe ao RH, em parceria com a TI, garantir que a dimensão humana do trabalho não se perca no caminho.

    A pergunta que se impõe, então, não é se a IA vai substituir o RH, mas como o RH e tecnologia vão construir juntos o futuro do trabalho?

     

    Juliana Maria é Head de HCM na Senior Sistemas.

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