BLOG DO JOSIAS DE SOUZA: RORIZ REVELA DETALHES DO ‘ASSÉDIO’ QUE SOFRE DO PSDB

Fotos: ABr e Folha
Candidato a um quinto mandato como governador do Distrito Federal, Joaquim Roriz é “vítima” de dois tipos de assédio.

 

É assediado pelo Ministério Público, que se esforça para arrastá-lo para dentro do inquérito que apura malfeitos no governo do DF.

 

É cercado também pelo PSDB, que tenta acomodar o PSC, partido de Roriz, na coligação presidencial de José Serra.

 

A direção do PSDB reuniu nesta quarta (24), parlamentares tucanos e das duas legendas que já se incorporaram à sua caravana: DEM e PPS.

 

O objetivo da reunião era organizar a cerimônia de lançamento da candidatura de Serra, marcada para 10 de abril, em Brasília.

 

Lero vai, lero vem, a turma do DEM animou-se a criticar a negociação que o PSDB abriu com Roriz.

 

Os ‘demos’ ainda trazem atravessada na traquéia a crise moral que fulminou o único governador de que dispunham: o preso José Roberto Arruda.

 

Roriz vai às urnas “surfando” na desgraça de Arruda. E o DEM manifestou certa inconformidade com um encontro do grão-tucano FHC com o “surfista” do DF.

 

Deu-se em São Paulo, na última segunda (22), no apartamento de FHC, assentado no bairro chique de Higienópolis.

 

Submetido aos queixumes do aliado, o presidente do PSDB, Sérgio Guerra (PE), tentou minimizar a importância da conversa ocorrida em São Paulo.

 

Disse que o tucanato não cogita celebrar nenhum acordo que leve Serra ao palanque brasiliense de Roriz.

 

Afirmou que ninguém de “bom senso” ousaria tratar do tema num instante em que o panetonegate ainda arde no noticiário.

 

Não é bem assim. O signatário do blog recebeu uma nota emitida por Roriz. Incomodado com as reações azedas, ele decidiu contar o que se passa.

 

“Jamais procurei ninguém”, anota, de saída, o texto de Roriz. “No mês passado, o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra, veio à minha residência”.

 

Guerra não estava só. Acompanhava-o o “vice-presidente executivo do PSBD, o ex-ministro Eduardo Jorge”.

 

O que foram fazer na casa de Roriz? Vieram “me oferecer a legenda para uma aliança eleitoral no Distrito Federal, em outubro próximo”.

 

O que disse Roriz? “Respondi que essa aliança seria possível, sim, pela enorme admiração que tenho pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso”.

 

Roriz diz ter imposto uma condição: tucanos mencionados no inquérito do panetonegate teriam de ser “afastadoss dos cargos diretivos partidários”.

 

Depois desse encontro, Roriz diz ter recebido “um telefonema do ex-ministro Eduardo Jorge”.

 

O que disse Eduardo Jorge? Informou “que ex-presidente Fernando Henrique desejava encontrar-se comigo”, escreveu Roriz.

 

O ex-auxiliar de FHC disse mais: “As bases para a aliança estavam aceitas”. Marcaram, então, “o dia e a hora” da reunião de São Paulo: “segunda, 22, às 17h”.

 

Roriz diz que foi ao encontro de FHC “acompanhado do próprio Eduardo Jorge”. Encontrou-o “no aeroporto de Congonhas”.

 

Levou consigo mais duas testemunhas: “O meu assessor de imprensa, Paulo Fona, e a fotógrafa da minha equipe, Sheyla Leal”.

 

O que foi tratado na conversa com FHC? “Disse, basicamente, duas coisas ao ex-presidente Fernando Henrique”.

 

Coisa número um: “Sou candidato a governador do Distrito Federal em outubro, lidero todas as pesquisas de institutos nacionais e locais e posso, então, ser governador pela quinta vez”.

 

Coisa número dois: “Transmiti a ele minha solidariedade aos ataques sofridos por ele pelo PT […]”. E disse que, “se fosse desejo dele, apoiaria em Brasília o candidato do PSDB à Presidência […], o que, aliás, já faço desde os tempos de Mário Covas, em 1989”.

 

Dias antes de voar para São Paulo, Roriz recebera em sua casa o deputado cassado Roberto Jefferson, presidente do PTB e réu no inquérito do mensalão.

 

Roriz não diz na nota, mas relatou a FHC algo que ouvira de Jefferson. O ex-deputado queixara-se de não ter recebido, ainda, um telefonema de Serra.

 

Embora pendesse para outro tucano, Aécio Neves, Jefferson revelou-se propenso a levar o seu PTB à coligação oposicionista.

 

O interesse é recíproco. O tucanato flerta com Roriz e com Jefferson porque deseja tonificar o tempo de TV da propaganda eleitoral de Serra.

 

Adensada pelo PSC e PTB, a coligação de Serra vai ao ar com cerca de oito minutos. Estima-se que a petista Dilma Rousseff terá cerca de 11 minutos.

 

O esforço do PSDB para manter à sombra as negociações que empreende com seus “quase-futuros-neoaliados” é tão revelador que dispensa comentários.

 

Deu-se à pajelança em que Serra será aclamado como candidato o nome de “Encontro Nacional do PSDB, do DEM e do PPS”. Por ora, nada de PSC nem de PTB.

 

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