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    CARTA ABERTA DOS SERVIDORES DA SECRETARIA DE ESTADO DE CULTURA DO DF SOBRE O FECHAMENTO DO TEATRO NACIONAL CLAUDIO SANTORO

    Tecer comentário sobre a magnitude do Teatro Nacional Claudio Santoro (TNCS) é desnecessário. Obra idealizada pelo inigualável arquiteto Oscar Niemeyer, com peças de escultores afamados: Athos Bulcão – painel externo das fachadas norte e sul, azulejos e painel de mármore dos foyeres – a Bailarina de Alfredo Ceschiatti e o Pássaro de Marianne Peretti, sem contar que os equipamentos de iluminação e maquinaria são importados da Alemanha e Inglaterra, respectivamente. Para o seu pleno funcionamento, contava com excepcional quadro de servidores, cuja formação se deu nos seus mais de trinta anos de trabalho e dedicação na execução dos mais variados espetáculos de teatro, dança, musicais e óperas ali apresentados. Completando esse cenário não poderíamos deixar de citar a fenomenal Orquestra Sinfônica do TNCS, que teve como principais regentes o renomado maestro e compositor Claudio Santoro e o maestro Silvio Barbato.

    A construção teve início no dia 30 de julho de 1960, e a estrutura ficou pronta em 30 de janeiro de 1961, mas por cinco anos a obra ficou parada. A Sala Martins Pena ficou pronta em 1966 e, após dez anos de atividade, foi fechada para reforma e finalização do teatro que ocorreu em 21 de abril de 1981. Em 1998, concluiu-se a última reforma financiada com recursos da Fundação Banco do Brasil, e, por exigência da Fundação Oscar Niemeyer, todos os aspectos arquitetônicos e técnicos foram mantidos na forma original, o que não trouxe prejuízo algum para seu funcionamento. Além disso, todas as exigências do CBMDF – Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal – foram atendidas, o que possibilitou sua reabertura de forma plena e satisfatória. O custo total da reforma, à época, ficou em R$ 2.800.000,00 (dois milhões e oitocentos mil reais).

    Até o ano de 2012 o TNCS mantinha contrato de manutenção de todos os seus aparelhamentos: sistema elétrico, eletromecânico, hidráulico, hidrosanitário, edificação e, por último, o sistema contra incêndio que é composto por sprinklers e mulsifyre system. A título de informação cada Sprinklers libera entre 50 a 100 litros de água por minuto. Essa descarga d’água inicia cerca de 30 a 60 segundos após o fogo produzir calor suficiente para acionar o sprinkler. Nenhuma brigada de incêndio, por mais eficiente que seja, é capaz de chegar ao local em menos de quatro minutos e de acessar o local do incêndio
    entre cinco e dez minutos após serem chamados. Quando as equipes de bombeiros entram em ação, elas utilizam entre 500 e mil litros de água por minuto em um incêndio de grandes proporções.

    Há de se observar que no TNCS, em seus mais de trinta anos de funcionamento, nunca ocorreu um princípio de incêndio e, caso assim acontecesse, seria apagado em tempo hábil, pois até o ano de 2008 a Secretaria de Estado de Cultura do Distrito Federal mantinha um contato com a empresa EFICAZ, que dispunha de pessoal qualificado compondo a brigada contra incêndio, e até o fechamento do Teatro os sistemas estavam integralmente funcionando e os extintores e carretas contra incêndio se encontravam devidamente carregados e em plena validade.

    O fechamento do Teatro foi uma atitude precipitada, para não dizer irresponsável. Sua consequência ainda não foi dimensionada, senão vejamos: a Orquestra composta por 80 músicos perdeu seu local de estudos, ensaios e apresentação; os servidores que possuem formação específica em teatro: maquinistas, iluminadores, cenotécnicos, operadores de som, bem como os servidores de suporte administrativo, foram reaproveitados em outros setores da SEC, cujas finalidades não são análogas às tarefas e atribuições dos cargos exercidos no Teatro, dificultando assim suas readaptações. Além disso, essas mudanças provocaram prejuízos financeiros a esses servidores.

    Ressalta-se que a comunidade cultural, as produtoras, os artistas, os frequentadores do TNCS, enfim, toda sociedade de Brasília esta penalizada com o fechamento do Teatro, pois é o único prédio que possui características técnicas e equipamentos para receber e produzir qualquer tipo de espetáculo.

    A título de informação, o resultado da licitação que teve como objetivo a obtenção de projeto de reforma do Teatro Nacional Claudio Santoro, no site www.licitações-e.com.br, constatou que, por meio do Processo nº 150.003743/2013, foi homologada a Licitação de número 484377, cujo valor total do projeto perfez a quantia de R$ 3.220.00,00 (três milhões, duzentos e vinte mil reais). Quantia essa suficiente para proceder reforma parcial do teatro, que poderá atender todas as exigências do CBMDF, enumeradas na Notificação nº 1253/2013, e ainda melhorar a acessibilidade com a instalação de elevadores externos, a recuperação dos já existentes e modernização das instalações.

    Embora o TNCS precise de uma reforma, cuja estimativa trazida no mencionado processo ultrapassa os 150 milhões de reais, esse projeto não logrará êxito em virtude da falta de gestão e planejamento, da indisponibilidade de recursos orçamentários e financeiros e da prática danosa dos governantes em superfaturar as obras em até 100% do valor inicialmente previsto.

    Dessa forma, sugere-se que o GDF disponibilize recursos para uma reforma parcial do TNCS contemplando todas as exigências formuladas; que a reforma seja executada por etapas, assim uma das Salas ficará aberta ao público e os servidores poderão retornar ao trabalho; que os contratos de manutenção corretiva e preventiva sejam reativados e que as ações do governo sejam transparentes e eficazes.

    Brasília 20 de setembro de 2014.
    SERVIDORES DA SECRETARIA DE ESTADO DE CULTURA DO DISTRITO FEDERAL

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    Deve ler

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