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    Fim do mal-estar: GDF busca ajuda do Planalto

    Negociação

    POR HELENA MADER, BERNARDO BITTAR E DENISE ROTHENBURG – CORREIO BRAZILIENSE –

    Rollemberg se reúne com presidente em exercício para tratar sobre reajuste salarial da Polícia Civil e diz que o governo federal se comprometeu a estudar alternativas. Mas assessor de Temer afirma que solução deve partir do Executivo local

     

    Assembleia de policiais civis realizada no último dia 8 na Esplanada dos Ministérios: categoria segue mobilizada e fará outra na terça-feira

     

    Diante das dificuldades financeiras, que, segundo o GDF, inviabilizam a concessão do reajuste reivindicado pela Polícia Civil, o governador Rodrigo Rollemberg buscou ajuda no Palácio do Planalto. Ele se reuniu ontem pela manhã com o presidente da República em exercício, Michel Temer, e alertou sobre a dificuldade de o Executivo local pagar o aumento pleiteado pela categoria. Depois do encontro entre as autoridades, o Palácio do Buriti divulgou nota informando que Temer teria se comprometido a ajudar.

     

    A última frase da nota de Rollemberg, no entanto, causou uma crise, pois deu a entender que o presidente se comprometera a estudar alternativas, sem esclarecer que essas alternativas seriam apresentadas pelo próprio GDF. Foi o suficiente para que o assessor do presidente Tadeu Filippelli alertasse a Temer sobre o risco de a crise da Polícia Civil cair no colo do presidente.

     

    Temer, que soube da nota por intermédio de um telefonema de Filippelli, teria classificado a posição do GDF como “desleal”. Em nenhum momento, segundo Filippelli, Temer se comprometeu a estudar alternativas, uma vez que a busca da solução para o impasse cabe ao governo local. Filippelli contou que o presidente em exercício ouviu o relato de Rollemberg sobre as reivindicações dos policiais em greve, entendeu o problema, mas teria sido muito claro ao dizer que Rollemberg buscasse a solução.

     

    Fim do mal-estar

     

    Já passava das 21h30, porém, quando Michel Temer telefonou para Rodrigo Rollemberg a fim de desfazer qualquer clima ruim entre eles e estancar uma perspectiva de crise entre o governo federal e o GDF. O presidente em exercício foi logo dizendo ao governador que não o considerava desleal, apenas não podia se comprometer em encontrar uma solução para a crise entre o governo local e a Polícia Civil, mas está disposto a ajudar na análise das alternativas que forem colocadas à mesa pelo Executivo local.

     

    No encontro da manhã, Rollemberg reforçou o discurso em busca de subsídios. E declarou que, sem a ajuda do governo federal, será inviável atender a reivindicação dos servidores da segurança. “Tentamos todos os meios, estudando as possibilidades disponíveis. Mas, hoje, com o cenário que temos, eu diria que é impossível”, disse o governador. Ele explicou a Temer o quadro econômico na capital e lembrou que, tradicionalmente, a Polícia Civil tem isonomia de reajuste com a Polícia Federal. Em seguida, o GDF soltou nota oficial comunicando que o “presidente Michel Temer se comprometeu a estudar alternativas” para ajudar o Executivo local.

     

    Negociação

     

    O diretor do Sindicato dos Delegados de Polícia do Distrito Federal (Sindepo/DF), delegado Rafael Sampaio, mostrou-se cauteloso com a visita do governador ao presidente. “Acho louvável esse pedido de ajuda. Pode-se dizer que é algo positivo, mas entendemos que o orçamento do GDF é mais do que suficiente para nos pagar e cobrir o reajuste. Se Rollemberg está em busca de dinheiro no Palácio do Planalto, é porque quer gastar além, com outras coisas”, avaliou.

     

    Segundo o presidente do Sindicato dos Policiais do DF (Sinpol-DF), Rodrigo Franco, “isso não pode ser uma condição. A verba extra do governo federal seria boa, mas a nossa recomposição não pode ficar condicionada a ela. Se o Temer se dispuser a ajudar, tudo bem. Mas existe o Fundo Constitucional, que terá grande aumento para o próximo ano, e é direcionado, entre outras coisas, a esse fim”.

     

    Há quase duas semanas, delegados e agentes da Polícia Civil aprovaram paralisação de 48 horas, mesmo durante as Olimpíadas no Distrito Federal. Quando a categoria cruzou os braços, o Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT) pediu providências à Justiça, e o desembargador Sebastião Coelho declarou a greve ilegal. O juiz também determinou a aplicação de multa de R$ 500 mil, caso houvesse manifestação diante do Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha. A paralisação continuou e cerca de mil policiais realizaram um ato nos arredores da arena.

     

    A categoria pede reajuste de 37%, em três parcelas, para equiparar os rendimentos aos da Polícia Federal. Além disso, a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros também cobram o mesmo percentual, o que pode complicar a situação financeira do GDF. Na próxima segunda-feira, o governo marcou nova reunião com representantes de sindicatos para discutir o reajuste dos salários e dos benefícios. No dia seguinte, haverá assembleia no Complexo da Polícia Civil no Parque da Cidade.

     

    Levantamentos do Palácio do Buriti dão conta de que o aumento reivindicado por policiais civis teria um impacto na folha de pagamento de R$ 425 milhões só no primeiro ano. Caso o mesmo reajuste seja assegurado a todos os servidores da segurança pública, os gastos aumentariam R$ 1,6 bilhão em 2017.

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