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    SOCIEDADE DE GAGOS

    O sentimentalismo do politicamente correto permeia todas as eleições sociais na atualidade, criando uma sociedade de gagos. Professores, jornalistas, intelectuais e todos os que fazem uso da palavra com mais frequência  pensam duas vezes antes de dizer algo.

    Não se advoga aqui a tese de ofensas gratuitas a ninguém, até  porque a injúria é  crime, mas se desenvolveu no mundo – no Brasil, como cópia  – a cultura do invólucro, a capa valendo em detrimento do conteúdo. O sujeito pode ser um crápula em sua atividade cotidiana, opressor, tirano e  golpista, mas será  admirado se usar as palavras certas nos lugares certos, como  chamar menor infrator de adolescente em  conflito com a lei.

    Em um curso de extensão da Universidade de Brasília, travou-se uma debate sobre a correção do uso do termo “é  claro”, que denotaria  preconceito linguístico-racial. O jornalista Luiz Natal informa que se iniciou um movimento de censura a marchinhas antigas de Carnaval consideradas politicamente incorretas, como a “homofóbica” Cabeleira do Zezé.

    Uma organizadora de bloco do Rio de Janeiro tenciona retirar a música Tropicália, de Caetano Veloso, do repertório, por repetir a palavra incorreta mulata, que constitui preconceito racial por se referir aos mestiços  como barriga de mula. O politicamente correto, como uma capa que encobre a realidade, presta um desserviço  a quem luta contra os preconceitos. Jogando-os para debaixo do tapete, ninguém saberá que eles existem, mesmo existindo.

    Além disso, transforma em vítimas eternas da sociedade amplos segmentos que, se juntos, formariam a maioria, no entanto são  como minorias que interessam aos grupos que se alimentam da suposta miséria alheia.

     

    Miguel Lucena – Delegado da PCDF e jornalista 

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