Um símbolo abandonado

Há 15 anos as faixas de pedestres foram implantadas e hoje estão abandonadas em alguns locais. O ex-governador Cristovam Buarque critica a falta de campanhas educativas

  DAISE LISBOA
dlisboa@jornalcoletivo.com.br

As faixas de pedestres instaladas nas vias do Distrito Federal já tiveram seu momento de glamour, mas nos dias de hoje, estão abandonadas pelo governo. Muitas com a pintura desgastada, ficando quase invisíveis, e sem iluminação. Criadas no governo de Cristovam Buarque, as faixas de pedestres trouxeram para o DF, à época da sua implantação, em 1997, atributos que a igualam a cidades de primeiro mundo.
A novidade rendeu críticas negativas ao governador, enquanto que outros usuários elogiaram a iniciativa que tinha um único objetivo: salvar vidas. Com o passar do tempo elas assumiram um papel importante para o trânsito brasiliense e serviram de exemplo para outros estados brasileiros. A educação dos motoristas ao respeitar as faixas foi tema de reportagens com veiculação nacional, assim como o comportamento dos pedestres que se conscientizaram da importância de fazer o sinal de vida, com a mão, para atravessar.
Nesses 15 anos de existência, o papel das faixas de pedestres foi tão falado que o DF continua na frente dos outros estados. As outras cidades não colhem resultados positivos porque motoristas e pedestres ignoram o papel das faixas de pedestres.

 

Mesmo apresentando problemas em alguns pontos do DF, as faixas de pedestres ainda são exemplo na capital do paísFoto: Toninho TavaresMesmo apresentando problemas em alguns pontos do DF, as faixas de pedestres ainda são exemplo na capital do país

Em Brasília, o comportamento do motorista é diferente. Isto pode ser atribuído às campanhas educativas realizadas pelo Departamento de Trânsito do DF (Detran-DF), que orientam tanto os motoristas como os pedestres. Entretanto, recente estatística aponta que o número de atropelamentos nas faixas com morte aumentaram em comparação a 2011. De acordo com a pesquisa, só este ano, nos primeiros oito meses de 2012, foram sete casos registrados, portanto, três a mais do que em 2011. Esse aumento de vítimas fatais pode ser atribuído, segundo especialistas, a faixas mal localizadas, falta de manutenção e falta de atenção dos motoristas que ao trafegarem em alta velocidade, não conseguem parar a tempo. Enquanto que o pedestre atravessa o local, por muitas vezes, confiando que a faixa é um local isento de perigo. O que não é verdade: atravessar na faixa de pedestres é um ato conjunto entre pedestres e motoristas, ambos conscientes das suas responsabilidades e deveres.

Cidade-modelo
Brasília foi considerada cidade-modelo quando o assunto era respeito à faixa. Quem reafirma essa condição é o senador Cristovam Buarque (PDT-DF), responsável pela instalação das faixas no DF, quando era governador, cujo trabalho teve à frente o então diretor do Detran-DF, Luiz Riogi Miúra. 
Cristovam enfatiza que trânsito não é uma questão de engenharia, mas de educação, destacando a importância das campanhas de trânsito no DF como em qualquer lugar do mundo. “A engenharia no trânsito é tão importante quanto a engenharia para construir uma escola. Mas a alma da educação não é o prédio da escola. Parece que é difícil passar essa ideia de que trânsito bom é uma questão de população educada, em que o motorista respeita a velocidade e as faixas de pedestres, assim como o pedestre que respeita a faixa sabendo que não pode colocar o pé lá, antes de fazer o sinal de vida”, exemplificou.
O senador explica que o grande mérito do seu governo, foi o de mexer nessa cultura de trânsito. “Para isso, instalamos pardais e multas para quem ultrapassasse a velocidade da via, o rigor, mas sobretudo fizemos uma campanha imensa. Na frente do Palácio do Buriti tinha uma placa com o número de quantas pessoas morreram naquele mês. Mês a mês a gente colocava os números lá para mostrar como estava diminuindo. As pessoas se esquecem disso”, reclama.
O ex-governador lembra que os grandes aliados nessa campanha de trânsito foram as crianças. “Colocamos palhaços nas faixas e distribuímos panfletos nas escolas. Portanto, repito: é uma questão de educação no trânsito”, reforça Cristovam Buarque.
A manutenção das faixas de pedestres é apontada como ponto primordial para Cristovam para que elas exerçam a sua função. “Eu não coloquei iluminação nas faixas, mas estou plenamente de acordo. Ela é fundamental. Quem a colocou foi o ex-governador José Roberto Arruda”, lembrou. O senador destacou também o trabalho executado por Luiz Miúra, que foi quem trouxe a ideia para o DF e quem executou todo o trabalho de implantação das faixas.

 

 

Fonte: Jornal da Comunidade

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