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    Mensagem aos Médicos


    Em 18 de outubro, comemora-se o dia do médico. E gostaria de registrar que, como médica e militante nas políticas públicas, aproveito a boa ocasião para uma reflexão dirigida a essa categoria profissional.

    Inicio com um dos princípios fundamentais expresso no atual código de ética: “A Medicina é uma profissão a serviço da saúde do ser humano e da coletividade e será exercida sem discriminação de nenhuma natureza”

    Conheço bem os reveses do encargo. Afinal, no Brasil, exercer uma profissão a serviço da humanidade, sem restrições, é um grande desafio. Portanto, para exercê-la, é necessário engajamento político consciente e compromisso com a melhoria da qualidade de vida da população.

    Acredito que a consciência política da necessidade de construir uma sociedade saudável nos leva a sonhar e – é claro – lutar pela construção de uma sociedade justa e solidária – o que exige sacrifício pessoal de quem busca aliviar os sofrimentos humanos físicos ou psicossociais.

    Sonhos e lutas compensados por conquistas que muitas vezes representam possibilidades de concretização. Um desses sonhos está na nossa Constituição Federal.

    Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. (CF/1988)

    Não só em todo o Brasil, como também no DF, precisamos concluir, o mais rápido possível, a Reforma Sanitária para que se tornem realidade os preceitos constitucionais – e quero lembrá-los de que essa tarefa não é exclusiva do Estado, mas de toda a sociedade e de todos nós que, como médicos, somos parte importante nesse processo.

    Considero oportuna, nesse momento, a citação de um trecho do artigo Os Caminhos da Reforma Sanitária, da Professora Amélia Cohn: “No Brasil, a noção de Reforma Sanitária vem sendo associada à de movimento. Isto traz implicações importantes. Movimento significa processo, fenômeno dinâmico e inacabado”.

    Assim, devemos entender que o SUS ainda é um processo inacabado, e os médicos não podem desistir de lutar por ele, pois representa a possibilidade de a medicina se colocar a serviço de toda a sociedade brasileira – sem restrições de rendas, gêneros e outros entulhos que separam as pessoas.

    Como médica, não consigo pensar no exercício da medicina sem pensar em quais os serviços e profissionais precisamos para atender ao cidadão-usuário na sua integralidade. Tenho consciência de que são tantas questões à espera de resposta que me lembro, agora, do que respondi ao presidente do Centro Acadêmico da ESCS, na abertura do 2º CONGESCS, ao analisar os seguintes questionamentos: que tipo de profissionais a SES/DF precisa? Que tipo de Secretaria de Saúde precisamos para o DF? As respostas às duas questões estão no tipo de assistência que devemos oferecer aos nossos cidadãos: atenção integral.

    Apesar de todos os percalços vividos pela população em relação aos serviços públicos, creio ser necessário continuar sonhando com a Saúde que está prevista na Constituição Federal e na Lei Orgânica do Distrito Federal. E estou certa que a Reforma Sanitária de que o Brasil precisa, o SUS de que o País necessita é um direito de todos e dever do Estado.

    Enfim, é no exercício político da medicina que o médico pode contribuir para melhorar a vida da população. Portanto, vamos continuar sonhando, vamos continuar lutando: somos capazes de fazer o mundo bem melhor para todos.

    Concluo esta breve reflexão, parabenizando todos os médicos e médicas pelo seu dia, convocando-os para continuarmos o movimento da Reforma Sanitária Brasileira e, assim, termos condições para colocar a medicina ainda mais a serviço da humanidade.

    Deputada Arlete Sampaio (PT)

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